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quinta-feira, 4 de abril de 2013

A Cruz de Tião


À frente da Cidade do Povo, Cruz enfrentou desgastes no governo e com MP

O governador Tião Viana decidiu fazer uma mexida em seu primeiro escalão. O motivo da saída do funcionário da Caixa Econômica, Aurélio Cruz, da Secretaria de Habitação (Sehab) é uma incógnita. Fala-se num desgaste dele com Tião por ter desmentido o chefe sobre o prazo da entrega das casas da Cidade do Povo. Enquanto o governador falou uma data, o secretário disse outra.

Por conta disso Tião teria colocado Cruz em sua “lista negra”. Mas o arranjo feito pelo governador não sinaliza bem um ódio mortal entre os dois. Aurélio Cruz foi nomeado assessor especial de Tião Viana. Passará a trabalhar no Gabinete do governador para tratar das políticas de habitação do Estado.

Muito mais do que distanciamento, Aurélio Cruz fica, em tese, fortalecido com esta nomeação. A passagem dele pela Sehab durou exato um ano. Antes titular da superintendência da Caixa Econômica no Acre, Cruz foi nomeado secretário no fim de março de 2012.



A passagem efêmera, porém, foi marcada por algumas turbulências. Aurélio Cruz tinha como principal missão tirar o maior projeto habitacional da história do Acre, a Cidade do Povo, do papel. Sua experiência à frente do principal banco responsável pelo crédito habitacional o credenciava para isso.

A tarefa não foi fácil. Logo de cara precisou responder às ações do Ministério Público sobre a ilegalidade do projeto por estar sobre o principal reservatório de água da capital. A promotoria de Meio Ambiente queria saber os impactos da obra no aqüífero. As ações acabaram por retardar o começo da obra, avaliada em mais de R$ 1 bilhão.

Resolvida a questão ambiental, o MP moveu outra investigação para apurar possíveis irregularidades na contratação das empreiteiras que tocariam o projeto. Questões burocráticas solucionadas, o governo acionou o ponto de partida para as obras mês passado. Na primeira fase estão previstas a entrega de três mil imóveis.

Todo este cabo de guerra com o MP acabou por desgastar Aurélio. Desde o fim do ano passado sua saída da Sehab já era cogitada, assim como de outros secretários que não estariam satisfazendo o chefe.

Além da cobrança dos promotores, o governo também exigia a solução imediata do problema para que o cronograma não ainda mais prejudicado, com vistas às eleições do próximo ano.

A saída dele era tida como certa há algumas semanas, mas o Palácio Rio Branco preferiu segurá-la por conta do afã provocado pelo anúncio da Cidade do Povo.    De vitrine na Sehab, Cruz passará a ter uma atuação mais discreta no gabinete do governador.

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