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quinta-feira, 30 de maio de 2013

Feridas expostas

A operação G7, muito mais do que estremecer as bases do Palácio Rio Branco, serviu para o Acre entrar numa profunda reflexão sobre o estado de saúde de suas instituições –e essa reflexão ser exposta ao país. Até que ponto o princípio constitucional da independência entre os Poderes está sendo cumprido?

A sociedade pode de fato depositar em suas autoridades a confiança de que o Estado de Direito não é uma mera expressão usada apenas quando os interesses de poderosos são afetados? Os próximos meses nos darão a resposta.

Num Estado pequeno como Acre, onde todos se dizem conhecer, as instituições estão muito mais ligadas uma às outras do que independentes. O filho de Fulano é chefe do órgão X, e o pai de Beltrano trabalha na presidência de entidade Y.

A ousadia da desembargadora Denise Bonfim de pôr às claras os comprometimentos do Judiciário é louvável. Isso leva a sociedade acreana a procurar saber quem é quem dentro do tribunal para cobrar de seus magistrados a verdadeira independência e imparcialidade da Justiça.

Se o Acre tivesse mais Denises Bonfins atuando, certamente este Estado seria bem melhor, e quem insiste em transformar o público em privado e deixar as instituições de mãos atadas e prostradas para sua perpetuação no poder, não teria tanta força.  

Esta cobrança não é somente ao TJ. O Ministério Público, tantas vezes acusado pela oposição de omisso, precisa dar as caras neste processo G7. Esta é a hora do MP mostrar seu poder e dizer que está ao lado da sociedade e do cumprimento das leis.

Num Estado pobre como Acre, onde há uma brutal desigualdade na distribuição de renda, com metade da população vivendo do Bolsa Família, o mínimo que a sociedade espera é as instituições funcionando para atender aos seus interesses, e não de quem está com a caneta de ouro nas mãos.

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