Ex-Inimigo do PT, Orleir Cameli se tornou fiel aliado do petismo no Juruá
A conturbada vida política acreana da segunda metade da década de 1990 foi marcada pelos duros embates do então oposicionista Partido dos Trabalhadores (PT) com a “velha oligarquia” que dominava o Estado. E os petistas tinham um inimigo certo: o governador Orleir Cameli, que assumiu o Palácio Rio Branco em 1994 e o deixou jogado aos ratos em 1998.
O ex-governador recebeu todas as adjetivações possíveis pelos seus adversários. Deles ganhou o rótulo de um dos governadores mais corruptos após a redemocratização. Ele governou num dos períodos mais obscuros da história acriana, onde o crime organizado liderado pelo ex-deputado Hildebrando Pascoal mantinha um “estado paralelo”.
Foi no final do governo dele, porém, que se começaram as primeiras investigações para o desbaratamento do crime organizado. Ao apagar das luzes do mandato, Cameli deixou os servidores públicos com três meses de salário atrasado, mais o décimo terceiro. Durante o seu governo, foi descoberto que possuía três CPFs, o que foi motivo de investigação pela Receita Federal.
Bandeira a meio mastro pela mote de ex-governador (Foto:Ana
Paula Batalha)
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Ao fim da década de 1990 o Estado estava institucional e financeiramente falido. Esta foi a herança recebida por Jorge Viana ao assumir o governo em 1999. Os prédios públicos estavam literalmente caindo. No Palácio Rio Branco os ratos tomavam de conta. No teto, o mato e o lodo estavam expostos.
Após ser demonizado, o “Barão do Juruá”, como era conhecido, virou o principal aliado dos petistas a partir de 2006. Ele foi o responsável por indicar o vice do PT à época. Seu primo César Messias (hoje PSB e então no PP) foi o companheiro de chapa de Binho Marques (PT), sucessor de Jorge Viana, permanecendo no cago ao lado de Tião Viana (PT).
A aliança do PT com a família Cameli foi vista como estratégica para amenizar o antipetismo no Vale do Juruá, região onde o partido sempre enfrentou dificuldades de voto. A coligação com o PP foi a abertura de portas no Juruá, tirando do PCdoB a cadeira de vice.
Como aliado do governo petista, suas empresas foram responsáveis por patê das obras da BR-364, que interliga as duas principais cidades do Acre, a capital Rio Branco e Cruzeiro do Sul, berço político dele. Apear de emitir nota de pesar, o governo do Acre, até o início da tarde de hoje, não tinha decretado luto.
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