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sábado, 4 de maio de 2013

Deixa comigo

Se há assunto que nos últimos anos não saiu dos debates das disputas pelo governo é a pavimentação da BR-364, a rodovia que conecta os dois extremos do Acre. Motivo de cabo de guerra entre governistas e oposição (seja quando o PT era oposição ou governo), a estrada é sinônimo do embate político do Estado. Após promessas que ficaram no campo da ilusão, enfim, a conta-gotas, a BR-364 vai saindo do papel.

Nesta sexta-feira, 3, o governador Tião Viana deu início às obras daquela que promete ser a última etapa da pavimentação. Aberta para o tráfego ininterrupto desde 2011, a BR-364 precisa de novos investimentos para a recuperação de trechos danificados pelo fluxo de veículos, comprometida ainda mais pelas características do solo e as intensas chuvas do “inverno amazônico”

Em 2012, as péssimas condições da rodovia foram usadas pela campanha de Tião Bocalom (PSDB) para atacar o seu adversário Marcus Alexandre (PT), ex-diretor do Departamento de Estradas e Rodagens do Acre (Deracre), órgão responsável pela execução das obras. Tucanos acusavam Alexandre de ter sido denunciado pelo Ministério Público e Tribunal de Contas da União (TCU) em processos de superfaturamento.

A defesa de Alexandre nega as acusações. Outros ex-diretores do Deracre também foram denunciados pelo mesmo crime, entre eles Sérgio Nakamura. Ao todo, acusações do MPF apontam desvios na ordem de R$ 22 milhões. Oposicionistas criticam o governo por o quilômetro da rodovia chega a custar até R$ 2 milhões.



Mas o que nenhum dos companheiros deixou claro no evento de sexta foi: Por que o governo Dillma Rousseff não quer mais deixar as obras (e os recursos milionários) aos cuidados de companheirada acreana?

O mérito é todo do Palácio Rio Branco, que lutou pela conclusão da pavimentação, que será tocada mesmo é pelo Dnit, acabando com o império do Deracre.

O governo federal garantirá todo apoio para evitar o isolamento das principais cidades do Estado, garantindo seu desenvolvimento, mas a manutenção da rodovia e os quilômetros ainda restantes são de responsabilidade do Dnit.

As licitações, inclusive elas, não mais serão de responsabilidade do Deracre, que sempre optava pelas mesmas empresas que tanta dor de cabeça deram, e que até hoje são motivo de processos na Justiça.

As denúncias envolvendo a BR-364 vão de Rio Branco a Cruzeiro do Sul. Superfaturamento, licitações direcionadas, obras de péssima qualidade, um roteiro digno de ação do Ministério Público Federal e Tribunal de Contas da União.

Ao que parece, Brasília não quer mais saber de encrencas com a rodovia, por isso prefere deixar a bola com o Dnit. Se ocorrer problemas, os ministérios envolvidos que se entendam com os órgãos de fiscalização.

A responsabilidade da BR-364 pela União é até melhor para o governo do ponto de vista político. Qualquer denúncia de malversação daqui para a frente não poderá mais debitada na conta do Palácio Rio Branco.

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