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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Acre (dês) politizado

Desde que me entendo por gente ouço que o acreano é o cidadão mais politizado da pátria brasileira; discute-se política na padaria, no bar, na praça e em qualquer outro ponto de aglomeração. Em comparação com outros Estados até discutimos mais política do que um paulista, um carioca, um barriga-verde, potiguar...

Mas a política debatida aqui nestas bandas da floresta é a política pequena, a política partidária entre o azul e o vermelho a cada dois anos. Resumimos nossa mobilização política às farpas entre petistas e oposicionistas, sem um debate mais amplo, complexo e com resultados concretos no cotidiano.  

Posso observar isso a partir destas ondas de manifestações que sacodem o País. Enquanto as ruas das grandes cidades continuam a ser ocupadas, em Rio Branco nos resumimos ao Dia do Basta.

Não desmerecendo aquele sábado legítimo de rua, mas deixa transparecer que muitos foram apenas por modismo, para repetir aqui o que vinha ocorrendo em outras capitais. É só ver o caso da “pressão” da PEC da pensão de ex-governadores. Apenas alguns “gatos pingados” estiveram reunidos na Assembleia Legislativa para pressionar os deputados a apoiar a proposta.

Muitos ficam indignados com esta regalia concedida a uma pequena elite acreana, mas poucos são os dispostos a ocuparem a praças pedindo o seu fim.

Até mesmo nas redes sociais as manifestações são tímidas. Outro exemplo é desta quinta-feira, 11 de julho, quando quase 20 Estados foram tomados por manifestações dos sindicatos e centrais sindicais. No Acre, uma pequena quantidade de lideranças sindicais e trabalhadores percorreram as ruas centrais.

Mas como toda causa tem uma explicação, a nossa inércia de mobilizações populares não fica vazia. Desde que a esquerda tomou o poder, em 1999, todos os organismos de organização social foram cooptados pelo petismo: sindicatos, associações, ONGs, cooperativas....

Com as principais lideranças sindicais comprometidas com cargos no Executivo, é até de se estranhar que no Acre ainda ocorram greves. É certo que há líderes desamarrados, mas que, engolidos pela máquina, não dispõem da força suficiente para organizar as categorias.

Nosso nível de formação política também é péssimo. A educação pública está sempre em posições desconfortáveis nos rankings do MEC. Portanto, não há um povo politizado no Acre. A politização só ocorre em ano eleitoral, com cada um dos lados opostos desta moeda brigando por seus interesses próprios.

Confiantes nesta amarra social, os detentores do poder se sentem à vontade para cometer os maiores desmandos possíveis –e nós ficamos na plateia vendo tudo.

Isso é muito lamentável em uma sociedade. A incapacidade de expressar sua indignação é típica de regimes autoritários. No Acre, supostamente, estamos num regime democrático. Mas a grande maioria da população tem medo de dar seu grito de liberdade para não ser perseguida pelo governo.

Quem discordar desta minha visão pode ficar á vontade para contrariá-la.  
   

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