O Acre ainda vive a ressaca das comemorações pelos seus 50 anos de Estado, mas nada que uma pequena análise do período histórico mais recente possa estragar. Nestes 50 anos de Estado, o Acre tem vivido os últimos 13 tendo como modelo político o Vianismo dos irmãos Jorge e Tião Viana.
A participação política deles nas cinco décadas passadas não
se deu somente após 1998, com a eleição de Jorge Viana para o Palácio Rio
Branco. Seu tio Joaquim Macedo foi governador do Acre durante o regime militar
(1964-1985). O pai, Wildy Viana, foi um atuante político acreano pela extinta
Arena (partido de sustentação da ditadura). O envolvimento dos Vianas com a
política vem desde o berço.
Da direita conservadora migraram para a esquerda por meio do
PT, lá no final dos anos 1980. Desde então tornaram-se símbolo do PT no Acre e
passaram a ser chamados de “meninos do PT”. Jorge disputou pela primeira vez o
governo em 1990 e perdeu para Edmundo Pinto (PDS). Logo em seguida seria eleito
prefeito de Rio Branco.
Fez uma gestão excelente, levando-o a ganhar o governo do
Estado em 1998, com seu irmão Tião eleito para o Senado. Jorge assumiu o Acre
num dos períodos mais sombrios de sua história. As instituições estavam destruídas
e fiscalmente o Acre se encontrava à bancarrota.
Jorge Viana pode ser considerado como o governo da
reconstrução. Conseguiu recuperar a normalidade institucional do Estado e recolocou
o Acre nos trilhos da gestão fiscal e orçamentária. Pôs em prática como modelo econômico
o conceito de Florestania, que tem com base o desenvolvimento sustentável.
De quarenta anos de atividade predatória da pecuária, o Acre
testava a exploração sustentável de sua 88% de cobertura florestal. A
Florestania ainda pena para trazer resultados concretos a um dos Estados mais
pobres do país. A sorte do Vianismo neste período foi o boom da economia
brasileira no cenário mundial; tínhamos o que o mundo precisava: commodities.
Com a chuva de dinheiro no país, o Acre foi agraciado com a
bondade do companheiro Luiz Inácio Lula da Silva. Nunca antes na história deste
país o Acre recebeu tanta verba federal. O dinheiro foi suficiente para o
governo oferecer a infraestrutura até então inexistente e mergulhar numa onda
de popularidade. Fomos bombardeados com as reportagens mostrando a Estrada do
Pacífico como nosso El Dorado.
Até agora o resultado é nulo. Avançamos politicamente, porém
no campo econômico carregamos a mesma cruz da dependência de verbas da União. O
Acre deixou para trás um período sombrio de sua história para um novo momento
em 2012. Aparentemente as instituições funcionam. A Florestania não amenizou a
economia do contracheque.
Mas não importava; o Acre estava num novo momento, a
autoestima do povo foi recuperada e os servidores públicos estavam com os
salários em dias; eles consomem, o comércio gera seus empregos e a cadeia
econômica mantém sua rotatividade. Não estou aqui para elaborar uma tese social
ou econômica sobre o governo petista.
Jorge Viana deixa o governo e faz seu sucessor, Binho
Marques. Este exerce um governo tampão até a eleição de Tião Viana. Bem, 2010
ainda está bem fresco na nossa memória. O petismo perde nos seus principais colégios
eleitorais, incluindo Rio Branco. Tião Viana mantém a mesma linha de pensamento
político e econômico de seu irmão.
Mas com a economia florestal menos enfatizada. O mote da vez
é a industrialização do Acre por meio de uma Zona de Processamento de Exportação
(ZPE), que nunca deu certo em lugar nenhum do país mas que eles garantem de pés
juntos que aqui funcionará. O Vianismo enfrenta em 2012 a eleição mais difícil de
sua história, podendo dar início ao Bocanismo.
Ao governador Tião Viana resta o desafio da autorrenovação a
cada dia. As urnas há dois anos parecem ter dado o recado da mudança. Ao atual
governo resta a opção do mudar sem alterar para assegurar ao menos 20 anos de
petismo consecutivos.
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