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sábado, 25 de abril de 2015

Recados ocultos no PT

Com o Partido dos Trabalhadores (PT) mergulhado na pior “crise existencial” desde sua fundação há 35 anos, as lideranças petistas do Acre –Estado governado há quase 20 anos pela legenda – reuniram-se na manhã deste sábado (25) em plenária numa tentativa de reavivar a militância com seu moral abatido em sucessivos escândalos de corrupção. A principal estratégia do partido no Acre é se desvencilhar da turbulência nacional, mostrando que tanto a legenda quanto o governo Tião Viana desfrutam de credibilidade ante a sociedade.

O governador Tião Viana, por sinal, preferiu atribuir a atual crise petista a uma tentativa de golpe do que se convencionou chamar de “elite branca”, ou “elite paulista”, como o próprio Tião chegou a definir em declarações passadas. O PT, junto com outros partidos da base, é acusado de se beneficiar do maior esquema de corrupção da história do país, o “petrolão”.  Isso, 10 anos depois de outro escândalo: o “mensalão”.

O caso mais recente a abalar os petistas foi a prisão do tesoureiro João Vaccari Neto por eventual envolvimento no recebimento de propina por empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobras. Após fazer a defesa de Vaccari no Congresso Nacional, os deputados federais Léo de Brito e Sibá Machado voltaram a declarar apoio incondicional aos “companheiros” investigados na operação Lava Jato.

“Derrotar o PT na política tem que dizer que o PT é ladrão e nós não somos ladrões. Ao contrário, o PT fez bem para o Brasil.”, disse o líder da legenda na Câmara, Sibá Machado. Entre os petistas investigados pela Polícia Federal está o líder da bancada no Senado, Humberto Costa (PE).

A plenária do PT também foi a primeira exposição pública entre os irmãos Viana depois da troca de farpas entre os seus grupos no início de abril. Separados na mesa pelo prefeito Marcus Alexandre, o governador e o senador trabalham para passar a imagem de normalidade na relação política e pessoal entre ambos.

Jorge Viana fugiu do figurino e preferiu deixar a cor vermelha –símbolo do petismo – de lado, optando por uma camisa polo azul. A “quebra de protocolo” pode ser definida como a continuação e a reiteração do recado passado por ele em conversa com jornalistas: “não me misturem com isso tudo que está aí”. Ou melhor: “Eu sou maior do que o PT”.


A plenária petista do Acre também pode ter servido como a mensagem daquilo que é notório: a não dependência de seus líderes em relação ao grupo paulista que domina o diretório nacional, na transmissão do recado de que “nós não temos nossos Dirceus, Delúbios nem Genoínos”. Ou seja: o PT acreano está livre de toda esta crise –até o ponto onde parar o processo de investigação de Tião Viana na Lava Jato.    

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