Com o Partido dos Trabalhadores (PT) mergulhado na pior “crise
existencial” desde sua fundação há 35 anos, as lideranças petistas do Acre –Estado
governado há quase 20 anos pela legenda – reuniram-se na manhã deste sábado
(25) em plenária numa tentativa de reavivar a militância com seu moral abatido
em sucessivos escândalos de corrupção. A principal estratégia do partido no
Acre é se desvencilhar da turbulência nacional, mostrando que tanto a legenda
quanto o governo Tião Viana desfrutam de credibilidade ante a sociedade.
O governador Tião Viana, por sinal, preferiu atribuir a atual
crise petista a uma tentativa de golpe do que se convencionou chamar de “elite
branca”, ou “elite paulista”, como o próprio Tião chegou a definir em
declarações passadas. O PT, junto com outros partidos da base, é acusado de se
beneficiar do maior esquema de corrupção da história do país, o “petrolão”. Isso, 10 anos depois de outro escândalo: o “mensalão”.
O caso mais recente a abalar os petistas foi a prisão do
tesoureiro João Vaccari Neto por eventual envolvimento no recebimento de
propina por empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobras. Após fazer a
defesa de Vaccari no Congresso Nacional, os deputados federais Léo de Brito e
Sibá Machado voltaram a declarar apoio incondicional aos “companheiros”
investigados na operação Lava Jato.
“Derrotar o PT na política tem que dizer que o PT é ladrão e
nós não somos ladrões. Ao contrário, o PT fez bem para o Brasil.”, disse o
líder da legenda na Câmara, Sibá Machado. Entre os petistas investigados pela
Polícia Federal está o líder da bancada no Senado, Humberto Costa (PE).
A plenária do PT também foi a primeira exposição pública
entre os irmãos Viana depois da troca de farpas entre os seus grupos no início
de abril. Separados na mesa pelo prefeito Marcus Alexandre, o governador e o
senador trabalham para passar a imagem de normalidade na relação política e
pessoal entre ambos.
Jorge Viana fugiu do figurino e preferiu deixar a cor
vermelha –símbolo do petismo – de lado, optando por uma camisa polo azul. A “quebra
de protocolo” pode ser definida como a continuação e a reiteração do recado
passado por ele em conversa com jornalistas: “não me misturem com isso tudo que
está aí”. Ou melhor: “Eu sou maior do que o PT”.
A plenária petista do Acre também pode ter servido como a mensagem
daquilo que é notório: a não dependência de seus líderes em relação ao grupo
paulista que domina o diretório nacional, na transmissão do recado de que “nós
não temos nossos Dirceus, Delúbios nem Genoínos”. Ou seja: o PT acreano está
livre de toda esta crise –até o ponto onde parar o processo de investigação de
Tião Viana na Lava Jato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário