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segunda-feira, 20 de abril de 2015

O rombo e o roubo da BR-364

Desde que o Acre é Acre a construção da BR-364 entre Sena Madureira e Cruzeiro do Sul vem sendo motivo de muita polêmica e escândalos tão inacabáveis quanto seus mais de 600 km de muito descaso. O mais recente são as imagens de causar indignação em qualquer cidadão pagador de seus impostos: uma rodovia que custou alguns bilhões de reais já não servir para quase nada.

A cratera aberta neste último final de semana é um entre infinitos problemas. Em muitos pontos o asfalto já sumiu, ficando apenas atoleiros. Aliás, asfalto nunca houve na BR-364. As fotos mostram somente uma leve camada de uma substância escura jogada sobre a tabatinga da região; (Pois no dia em que aquilo for asfalto, a engenharia precisa mudar a definição de “asfalto)”.

Os governos petistas vêm culpando, desde 1999, as características do solo amazônico e as chuvas para culpar este desrespeito no trato com o dinheiro público. Por sua vez, MPF, PF e TCU sempre mostravam outros problemas: corrupção, sub e superfaturamento e obras executadas fora dos padrões normais de qualquer rodovia.

Nenhum acreano precisa ser engenheiro para saber que esta é uma obra de quinta qualidade. E culpar o ambiente é uma desculpa que não se engole mais. Em tempos de engenharia moderna –quando se erguem arranha-céus até no meio do Golfo Pérsico para os sheiks árabes torrarem seus petrodólares – construir uma rodovia na Amazônia não é das tarefas mais difíceis.

Se não houver o problema da corrupção, faz-se a BR-364 até sobre os topos das samaúmas. O acreano não é mais tolo de engolir o palavrório oficial de que as chuvas e os solo são os vilões, quando há obras de engenharia em lugares bem mais inóspitos.

As cenas mais recentes de destruição da rodovia após bilhões de reais ali torrados revoltam e exigem uma atuação imediata das autoridades federais, em especial Ministério Público e Tribunal de Contas da União.

Por mais que agora a obra seja transferida para o governo federal por meio do Dnit, é preciso apurar as responsabilidades do que foi feito (ou não foi feito) até aqui. É intolerável que os culpados por este crime contra o erário fiquem impunes. E aqui fica a pergunta do papel da oposição neste momento. Muito mais do que oba-oba e frases montadas, o eleitor espera deles uma atuação firme neste caso.

A construção da BR-364 nestes 16 anos é um escândalo político das mesmas proporções de “petrolão” e “mensalão” para nós aqui em nosso seringal, pois são bilhões de reais levados pela chuva e pela tabatinga. E assim como estes casos de corrupção nacional, é de se questionar se alguém, algum dia, será punido pela atrocidade contra os acreanos do interior, e a BR-364 que leva ao nada.  

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