Páginas

sábado, 11 de abril de 2015

100 dias que abalaram o Acre

Se os três primeiros meses do primeiro mandato do petista Tião Viana foram marcados por uma certa tranquilidade na governabilidade após uma eleição acirradíssima em 2010, o mesmo não se pode dizer agora nestes 100 dias de segundo governo, também depois de uma das disputas mais apertadas dos últimos anos. Entre janeiro e esta quinzena de abril o governador enfrentou uma série de tempestades –sobrevivendo em meio a mortos e feridos.

Em tão pouco tempo Tião Viana foi do céu ao inferno: Em resumo, três foram os grandes fatores a marcar a gestão neste recomeço de governo: sua denúncia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na operação Lava Jato, a grande enchente do rio Acre e a crise financeira que deixa o país ruim das pernas, afetando Estados altamente dependentes de recursos federais, como o Acre.

Depois de ver o governo envolvido em denúncias de corrupção na operação G7, que até então o deixava livre de qualquer suspeita em crimes contra o patrimônio público, Viana viu seu nome citado naquele que é considerado o maior escândalo da política brasileira: o petrolão: esquema de pagamento de propina a partidos e políticos por empreiteiras que fraudavam contratos com a Petrobras.

Segundo o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, em depoimento de delação premiada, Tião Viana teria pedido R$ 300 mil para sua campanha ao governo em 2010. O petista negou as acusações, afirmando que todas as suas prestações de contas foram analisadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Nada que convencesse o Ministério Público Federal (MPF), que pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a autorização para se iniciar a investigação contra o governador. Desde março ele é  oficialmente investigado pela PF. Por mais que se defenda e negue todas as acusações, os estragos políticos à imagem do petista acabam sendo inevitáveis, com o “petrolão” passando a figurar como mais uma mancha de seu governo, ao lado da operação G7.

Aliado a isso outra tempestade estava prestes a atravessar o caminho do governador nestes 100 dias: a enchente histórica do rio Acre.


Dilúvio amazônico 
Logo no começo de fevereiro o mal-tratado rio Acre seguia seu curso normal para o período do chamado “inverno amazônico”. Aliás, estava “anormal”, pois o nível se encontrava num dos níveis mais baixos para os registros históricos do mês. Mas, de uma hora para outra, nuvens negras se formaram em sua cabeceira na fronteira com o Peru, com um dilúvio desabando.

Era o inicio daquilo que seria a maior enchente já registrada para o Vale do Acre. Cidades como Assis Brasil, Brasileia e Xapuri ficaram praticamente debaixo d’água. A destruição chegou a ser completa. E todo aquele “tsunami” tinha um destino certo: a capital Rio Branco. Dos mais de 3000 mil habitantes da cidade, mais de 80 mil foram de alguma forma atingidos pela alagação.

A enchente causou inúmeros prejuízos, exigindo o governo a gastar o que não tinha para socorrer as famílias e reconstruir os municípios devastados. Levou com ela os poucos recursos que o Estado ainda restava em caixa. No primeiro bimestre de 2015 o Acre teve uma perda de receita de R$ 126 milhões.

Sem dinheiro, o governador viu aumentar a fila de aliados políticos em busca de cargos numa máquina já bastante inchada. Os partidos nanicos são os que mais sofrem com a torneira fechada pelo petista. O resultado é uma série de bombardeios dos aliados, o conhecido “fogo-amigo”.

O início do segundo mandato de Tião Viana está mais para um presente de grego do que alívio pós-eleitoral. E as perspectivas não são as melhores para este ano de previsão de crescimento quase zero da economia brasileira, e com o governo federal enfrentando sérias dificuldades em suas finanças. O que Tião Viana e seus auxiliares mais desejam ver realizar até o fim deste segundo mandato é a máxima do “depois da tempestade vem a bonança”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário