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sexta-feira, 10 de abril de 2015

Força de atração

A mais recente troca de farpas entre os irmãos Jorge e Tião Viana expõe a constante briga de egos entre ambos. E como em toda guerra só um lado sai vencedor, a questão agora é saber qual dos dois será o sobrevivente.

Para o cientista político Israel Souza, a partir de suas análises de conjuntura, o senador Jorge Viana tem muito mais condições de sair ileso deste tiroteio político. “O Tião precisa muito mais do Jorge do que o Jorge do Tião”, afirma Souza.

“O Jorge é uma figura com luz própria, independente do PT para ganhar eleições, ao contrário do Tião, que depende da estrutura pesada da máquina para garantir alguma sobrevivência”, analisa. As críticas feitas pelo senador é uma forma de mostrar para a sociedade, segundo o cientista, de que ele não tem nada a ver com tudo isso de ruim que está acontecendo na política brasileira.  “O recado é: eu não posso ser colocado nesta vala-comum.”

“É uma espécie de, se o barco afundar, eu fico de fora.” Israel Souza é enfático ao dizer que Jorge Viana se sente desconfortável tanto com o governo de seu irmão como com o de Dilma Rousseff. O descontentamento dele é explícito. Por conta disso, o especialista não descarta até um possível rompimento de Jorge com seu partido, o PT.

“A depender de como tudo vai se desenrolar, de como o governo Dilma e o próprio PT vão sair da atual crise, Jorge Viana não descartaria a possibilidade de sair da sigla para salvar a própria pele”, comenta Souza. Para qual legenda iria? O PSB é uma das possibilidades.

O cientista político reconhece que Tião Viana tem bem menos habilidade política do que o irmão, mas muitos dos problemas que sua gestão precisa enfrentar agora são uma espécie de “herança maldita” de governos passados, sobretudo dos oito anos de Jorge Viana.

“O governo Jorge teve uma postura conservadora e ambiental bastante radical. Para colocar em prática suas políticas precisou fechar acordos com os bancos internacionais para transformar o Acre numa vitrine ecológica. Agora o Tião Viana não pode mudar isso. Grande parte da responsabilidade da crise de desabastecimento provocada pela cheia do Madeira ano passado foi provocada pelo engessamento do setor produtivo no governo Jorge”, afirma.

Mas ao fazer críticas ao governo Tião, segundo Israel Souza, Jorge Viana quer mostrar a clara diferença com o seu mandato no Palácio Rio Branco, num gesto de afirmação de que “o meu governo foi melhor”. “Ele quer fazer uma clara diferenciação entre o governo dele [de Jorge] e do atual modelo.”

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