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terça-feira, 14 de abril de 2015

O PTViana

O simples café da manhã oferecido pelo senador Jorge Viana na manhã da última segunda-feira (6) ainda continua rendendo muito nos bastidores da política acreana. As declarações do parlamentar petista que provocaram a fúria do grupo do governador Tião Viana ainda suscitam o debate sobre as diferenças dos governos dos irmãos Viana, já que para muitos a intensão de Jorge era para passar o recado do “não me misturem com isso tudo que está aí”.

Que as diferenças entre as gestões existem isso é óbvio. E essa separação se dá também no trato da condução do partido que tem nas figuras de Jorge e Tião sua única sobrevivência: o PT. Para os petistas as eras de Tião e Jorge no comando do Estado e da legenda também se opõem, não se misturando da mesma forma que a água e o óleo.

A única semelhança é a centralização do comando do partido nas figuras de Jorge e Tião. Em seus oito anos como governador, Jorge tinha o comando-central do PT em suas mãos. Conduzia a sigla e toda a Frente Popular com mãos de ferro, sendo Aníbal Diniz e Francisco Nepomuceno, o Carioca, os principais condutores do petismo à época.

Enquanto Aníbal Diniz se viu degolado pelo próprio partido na disputa pelo Senado em 2014, Carioca se manteve com forças e hoje é secretário de Articulação Institucional, com bastante influência na condução da executiva estadual. O presidente Ermício Sena é um fiel soldado a Tião Viana, a quem deve sua vitória no Processo de Eleições Direta (PED) em 2013.

E este PED é apontado pela militância como o símbolo da “era Tião”. Dividido em suas tendências que travam uma “guerra silenciosa” interna, o PT teve uma das eleições mais disputadas por sua presidência em 2013, quando as alas minoritárias tiveram a oportunidade de organizar uma candidatura alternativa e ameaçar de forma explícita a hegemonia do grupo dominante, a Democracia Radical (DR).

Para os membros das tendências menores, em governos de Jorge jamais seria dada a liberdade e a chance de ousarem enfrentar o “ungido” do governador. A conclusão comum é que quem se atravesse a tal ato seria “destroçado” politicamente. É esta liberdade assegurada por Tião que faz o petista ter o domínio da legenda em suas mãos.

A constatação é que nos dias atuais o senador Jorge Viana perdeu muitos espaços que tinha dentro da executiva. Ele ainda tem seus apoiadores, mas não com forças suficientes para influenciar as principais tomadas de decisão, como a uma eventual disputa entre os irmãos pela vaga do Senado em 2018. E que com o uso da máquina mais seu estilo pacificador, Tião acabou por dominar territórios antes sob domínio de Jorge.

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