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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Velha e imatura democracia

Neste 15 de junho o Acre celebra os seus 53 anos de emancipação política. Após quase 60 anos como Território Federal, o Acre passava à categoria de Unidade Federativa por meio da lei sancionada, em 15 de junho de 1962, pelo então primeiro-ministro Tancredo Neves. O Brasil vivia um momento conturbado de sua história após a queda de dois presidentes: João Goulart e Jânio Quadros.

Dois anos depois o Brasil entraria em duas décadas de regime militar. E o Acre, com sua pouca convivência com a democracia, iria desfrutar muito pouco de sua tão cobiçada autonomia, que tinha como um de seus objetivos pôr fim à política do “dedaço”, quando os governadores (interventores) do Território Federal eram indicados pela então capital Rio de Janeiro.



O Acre elegeu como seu primeiro governador José Augusto de Araújo, que derrotou um dos principais líderes do Movimento Autonomista - o senador José Guiomard dos Santos.

A eleição de José Augusto dava fim a um longo período de governadores biônicos, indicados e tirados do poder por canetadas dos presidentes da República. Mas os anos de democracia duraram pouco. Em 1964 os militares, com grande apoio de setores civis, deram um golpe. E um dos primeiros direitos retirados da população foi a possibilidade de eleger seus representantes.

A partir de então, até 1982, os governadores voltaram a ser indicados por Brasília. Os governadores deste período foram Wanderley Dantas, Geraldo Mesquita e Joaquim Mansour Macedo, tio do hoje governador Tião Viana (PT). A família do governador e do senador Jorge Viana fazia parte do partido de sustentação da ditadura militar, a Arena (Aliança Renovadora Nacional).

Somente em 1982 –vinte após a conquista da Autonomia - os acreanos puderam voltar às urnas para escolher seu governador. Quando o País se preparava para o processo de “reabertura democrática”, o principal partido de oposição, o MDB, venceu na grande maioria dos Estados, incluindo o Acre. Nabor Júnior foi escolhido pelo voto como novo chefe do Palácio Rio Branco.

Em 1985 o Brasil deixava para trás os “anos de chumbo”. Em 1986 os acreanos elegeram Flaviano Melo (MDB) como sucessor de Nabor Júnior. Em 1990 a família Macedo tentava retomar o poder por meio do jovem engenheiro florestal Jorge Viana, que havia virado militante da “esquerda” e estava filiado ao PT de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas a “direita” com o PDS elegeu o também jovem Edmundo Pinto, assassinado dois anos depois.

Em 1994 outra eleição, desta vez sendo eleito o ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Orleir Cameli, o quinto governador escolhido pelo voto direto dos eleitores. Em 1998, enfim a esquerda liderada pelo PT vence uma disputa para o governo. A eleição de Jorge Viana representava, ao mesmo tempo, o rompimento e a manutenção dos mesmos grupos políticos do Estado no poder, incluindo aqueles beneficiados pelo regime militar.

Jorge Viana foi o primeiro governador reeleito do Estado, em 2002. Enquanto isso, seu irmão Tião Viana, como senador, construía as bases para um dia sucedê-lo. Mas, para isso, era necessário um governo tampão já que a lei impede a sucessão entre familiares. Em 2006, Binho Marques é escolhido pelas urnas o sétimo governador, com Tião Viana sendo o oitavo a partir de uma das disputas eleitorais mais acirradas da história acreana, nestes seus 53 anos como Estado membro da República Federativa do Brasil.

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