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quinta-feira, 18 de junho de 2015

Fronteira aberta

Depois de haitianos e senegaleses consolidarem o Acre como uma das principais rotas de entrada no Brasil, outras nacionalidades também passam a usar a fronteira acreana com Bolívia e Peru como caminho para se tentar a vida no País. Além haitianos, senegaleses, dominicanos e de outras 10 nacionalidades africanas e asiáticas, agora agora surgem imigrantes da Gâmbia, entre que são acolhidos no abrigo mantido em Rio Branco pelos governos federal e estadual.

Durante a semana quatro gambianos se juntaram aos outros 660 imigrantes acomodados atualmente no local, sendo 516 haitianos, 143 senegaleses, quatro gambianos, três dominicanos, um equatoriano e um bangladeshiano.

Como o governo deixou de financiar as viagens de ônibus para outras cidades do País, a quantidade de pessoas voltou a crescer. O abrigo tem capacidade para apenas 200 pessoas. O governo afirma que retomará o transporte até o fim da próxima semana.

Contilnet esteve nesta quarta (17) no abrigo para conversar com os imigrantes de Gâmbia. Contudo, entre os africanos impera uma espécie de “lei da mordaça”, onde ninguém pode conversar com jornalistas sem a autorização do “chefe” ou “presidente” do conselho formado por eles.

Ao contrário dos haitianos, bem mais acessíveis, os africanos são fechados e não gostam de conceder entrevistas. Os funcionários do abrigo vêm tentando acabar com esta prática, deixando claro que a única liderança é a da coordenação, e que todos os imigrantes são livres.

A Gâmbia está localizada na África Ocidental e sofre com crises políticas e econômicas. Os cidadãos gambianos estão entre os africanos que tentam entrar na Europa atravessando o Mediterrâneo em embarcações clandestinas conduzidas pelos “coiotes”. Tem sido comum nos últimos meses o resgate de imigrantes que ficam à deriva no mar perto da costa italiana.

Conforme a reportagem apurou, a rota pelo Acre foi apresentada a eles pelos senegaleses, que estão logo atrás dos haitianos no número de abrigados em Rio Branco.

De Bangladesh ao Acre

Suhel Ahmed, 28, é o único imigrante de Bangladesh no abrigo. Ele conta que levou quase um mês para chegar ao Brasil. Da capital Daca, Ahmed foi em voo para o Qatar, de onde seguiu para Buenos Aires e Lima. Da capital peruana seguiu por estrada até o Acre.

“Quero uma oportunidade de trabalho e recomeçar a vida. A situação em meu país está muito complicada”, diz ele, que espera o recomeço das viagens pagas pelo governo para buscar emprego em São Paulo.

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