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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Uma Cordilheira no caminho

Depois de a rodovia Interoceânica ligando o Brasil ao Peru se tornar inviável economicamente por conta dos limites de carga para o tráfego nos Andes, a Ferrovia Bioceânica cuja construção será financiada pela China, ligando portos do Rio de Janeiro à Região Norte e ao Peru, poderá atravessar um “santuário” da floresta amazônica ainda pouco impactado pela ação humana.

Conforme o projeto inicial da obra, a ferrovia cruzará o Acre de uma ponta a outra, saindo da região mais afetada pela ocupação de atividades agropecuárias, até uma área de mata fechada protegida por unidades de conservação terras indígenas e o Parque Nacional da Serra do Divisor. A região do Vale do Juruá é apontada como uma das mais ricas do mundo em biodiversidade.

Por conta das características da floresta, o Vela do Juruá se tornou uma das poucas áreas do Acre onde a mata nativa vem se mantendo preservada. O Estado mantém 88% de sua floresta em pé, sendo metade deste total na região do Juruá.

A Ferrovia Bioceânica terá como consequência a destruição de grandes áreas de florestas para que os seus trilhos saiam de Cruzeiro do Sul até a cidade peruana mais próxima, Pucallpa, capital do departamento de Ucayali. Atualmente, esse deslocamento só é possível via fluvial ou aérea.

A rota por dentro da floresta amazônica é a forma de driblar as dificuldades da construção da ferrovia caso seguisse o mesmo trajeto da rodovia. Plenajeada para ser a redenção do comércio do Brasil com os mercados da Ásia via os portos peruanos do Pacífico, a rodovia vem sendo utilizada mais como roteiro turístico. A rota pelo Juruá evita as Cordilheiras dos Andes, facilita a obra e o possível futuro deslocamento dos trens.

Durante a semana, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse que a Ferrovia Bioceânica poderá ser feita por etapas. Para o ministro, a obra já se justifica só pelo lado brasileiro no trecho brasileiro até Porto Velho, em Rondônia, para escoamento da produção pelo Rio Madeira e melhoria da infraestrutura para transporte de grãos.

Gás e petróleo

Além do projeto da ferrovia, outro empreendimento preocupa os ambientalistas: a exploração de gás e petróleo no Vale do Juruá.

No final de abril, especialistas no assunto debateram a questão em Cruzeiro do Sul e afirmaram que os impactos da atividade terá grande impactos na floresta e nas populações tradicionais. A Bacia do Acre já foi leiloada pela Petrobras, e a expectativa agora gira em torno do início dos trabalhos de prospecção.

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