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sábado, 7 de março de 2015

Era uma vez Cameli...

Nenhuma outra notícia poderia abalar mais o cenário político acreano do que a revelação de o senador Gladson Cameli (PP) estar entre os investigados pelo Ministério Público Federal (MPF) no desenrolar da operação Lava Jato. De todos os políticos locais, seu nome seria o menos improvável no imaginário da sociedade.

Afinal, a imagem de um bom moço, ético e com uma história de vida política ficha-limpa vendida durante a campanha eleitoral jamais nos levantaria a hipótese de ver seu nome envolvido no esquema do petrolão.

Mesmo com seu partido mergulhado até o pescoço em denúncias de corrupção, Gladson Cameli, até a noite de sexta-feira, estava totalmente dissociado das lambanças em que o PP se envolveu nos últimos anos. A origem rica da família Cameli no Acre e no Amazonas fez o eleitor pensar que ele jamais teria a necessidade de recorrer a esquemas de desvio de dinheiro público para financiar suas campanhas.

Mas, segundo a denúncia do MPF, ele recebia uma mesada do esquema. É lógico que tudo ainda está na fase de investigação, assim como também o caso do governador Tião Viana (PT). Porém, independente do desenrolar do processo de Gladson Cameli no Supremo Tribunal Federral, ele já recebeu a sentença prévia da opinião pública, com sua carreira política e imagem seriamente prejudicadas.

Cameli saiu das urnas de 2014 como uma das grandes lideranças políticas do Acre, com um futuro promissor. Seu nome é (ou era?) apontado como o grande favorito para derrotar o petismo nas eleições de 2018 para o Palácio Rio Branco. Contudo, passou a entrar na vala comum de ser mais um político como os demais, que se veem envolvidos em casos de corrupção.

E em tempos de uma sociedade cansada de tantos desmandos e abusos cometidos por nossos representantes, a intolerância com políticos investigados por crimes contra o patrimônio público é implacável. Somente em seu nome constar no “listão de Janot” é o suficiente para lhe tirar qualquer discurso de moralidade ou ética contra seus adversários.

E o discursos montados de paz e amor e de “o Acre e as pessoas em primeiro lugar” não colam mais para o eleitor, que passará a olhá-lo com muita, mas muita desconfiança. O senador deve prestar esclarecimentos ao cidadão, e não somente por meio de notas técnicas que repetem sempre os mesmos argumentos de defesa. O processo está só no começo, e ele também precisará apresentar provas robustas ao Judiciário de que não se beneficiou do petrolão.

O estrago, porém, já está feito para o jovem senador, mas que se enxerga jogado no mesmo poço de velhas raposas como Renan Calheiros, Fernando Collor, Valdir Raupp....

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