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quarta-feira, 11 de março de 2015

A inundação do petrolão

Até algum tempo atrás, o petrolão era uma realidade bem distante do Acre. Para nós, isolados em nosso reino encantado da florestania, toda esta maracutaia estava restrita aos grandes Estados, onde a Petrobras mantém suas operações.

Jamais poderíamos imaginar que políticos acreanos pudessem estar envolvidos em tal esquema. Mas assim como as águas do rio Acre nos surpreenderam, deixando-nos alagados, ver os nomes de Tião Viana e Gladson Cameli no “listão de Janot” nos pegou de supetão.

Há poucos dias o único que poderia ser denunciado à Justiça era o governador Tião Viana. Conforme a delação premiada de Paulo Roberto Costa, o petista teria pegado R$ 300 mil do esquema do petrolão para sua campanha ao governo em 2010. Como sempre, Viana tem negado qualquer envolvimento, limitando-se a dizer que todas as suas contas daquela disputa foram analisadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Agora, o senador Gladson Cameli (PP) também tem o mesmo discurso. Ele, contudo, vai mais longe e colocou à disposição dos investigadores a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico. Uma atitude corajosa do tipo “quem não deve não teme”.

 À primeira vista a atitude de Cameli é um alento para seu eleitor, que se recursa a acreditar no envolvimento do pepesista em tal falcatrua com os recursos públicos, este que tem sido o maior escândalo da política brasileira.

Porém, sabemos que nenhum cidadão envolvido em esquemas de corrupção coloca o dinheiro sujo na própria conta. Ou vai para algum laranja ou passa antes por uma lavanderia. E a dinheirama nunca é usada em campanhas como recursos contabilizados, indo direto para o chamado “caixa dois”.

Gladson Cameli deu um passo à mais que Tião Viana, que em épocas passadas desafiava a oposição (Major Rocha) a abrir os seus sigilos, mas que até hoje não moveu uma palha neste sentido. Contudo, os percalços políticos dos dois são os mesmos. Seus nomes foram apontados pelos dois principais operadores do petrolão; no caso do governado Tião Viana, Paulo Roberto Costa; já Cameli é citado por Alberto Youssef.

Daqui em diante, tanto para Tião quanto para Cameli, é apresentar suas respectivas defesas e saírem como inocentes e injustiçados deste processo. Se este não for o caminho à médio prazo para ambos, os estragos políticos e eleitorais serão tão piores quanto os efeitos da inundação histórica do rio Acre. E por falar em estragos, somente as catástrofes naturais para fazer Dilma Rousseff lembrar que o Acre existe e fazer um passeio por estas bandas.
 
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