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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

“Novo Haiti”, pela ONU

Não há como negar os esforços que estão sendo feitos para erguer um novo Haiti. A reconstrução do país devastado pelo terremoto de 2010 é tangível na capital, Porto Príncipe. Ruas ganharam asfalto, novas escolas abriram suas portas e residências passaram a ocupar o espaço onde antes estavam 10 milhões de metros cúbicos de escombros, quantidade suficiente para encher 4 mil piscinas olímpicas.

“No momento do terremoto, a Missão da ONU aumentou sua capacidade devido ao tamanho da devastação no Haiti e ao efeito que essa catástrofe teve, não apenas na capacidade do governo de responder a ela, mas também em todas as instituições que foram gravemente afetadas. Um terço dos funcionários públicos morreu e houve uma pressão enorme sobre alguns serviços, como o de saúde”, explicou a chefe da Missão da ONU para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), Sandra Honoré.

O símbolo dessa nova era é a Praça Boyer, um centro de lazer dos hait ianos, onde pessoas de todas as idades desfrutam de iluminação pública, quadras de esporte e atos cívicos. Ocupada por barracas de famílias de deslocados internos até 2013, a praça é também um local de aprendizagem.


O Programa das Nações Unidas para os Assentamos Humanos (ONU-Habitat), em conjunto com o Ministério de Trabalhos Públicos, aproveitou o espaço da Praça Boyer e, em janeiro de 2015, começou a compartilhar com os haitianos normas seguras de construção e a ensiná-los como construir melhor. Para baixar os custos das obras, muitos haitianos reciclam material encontrado nas ruas e não contam com mão de obra especializada para assessorá-los nas etapas de construção e como deixá-las seguras para enfrentar novos riscos, daí a importância desta parceria.


Dos 1,5 milhão de deslocados após o terremoto, apenas 80 mil permanecem em campos, menos de
1% da população. Muitos, no entanto, serão realojados a partir de janeiro em um programa de acompanhamento do governo e a Organização Internacional para as Migrações (OIM). A iniciativa fornece um subsídio equivalente a um ano de aluguel para as famílias cadastradas que deixem os campos de deslocados e também verificam as estruturas das novas residências para garantir sua resistência a novos tremores.

O governo também estuda transformar vários assentamentos temporários, onde casas de madeira substituíram há anos as barracas, em bairros formais, proporcionando serviços básicos e infraestrutura para melhorar a qualidade de vida de seus moradores.

“Passaram-se cinco anos, mas ainda há um número considerável de pessoas vivendo em campos. Temos 79 mil pessoas em 105 campos diferentes. Alguns em Porto Príncipe, mas outros em lugares diferentes como o epicentro do terremoto, Leogane”, descreve o chefe da OIM, Gregoire Goodstein. “Quando olhamos para o início, em julho de 2010, quando fizemos o primeiro registro, tínhamos 1,5 milhão de pessoas em campos. Hoje, conseguimos reduzir esse número em 94%.“

Entre as lições aprendidas do processo de reconstrução, Goodstein lembra que grande parte da ajuda humanitária se concentrou em Porto Príncipe e que por isso a cidade acabou sendo transformada em um ímã para pessoas em situação vulnerável em diferentes partes do pais, piorando ainda mais a situação na capital devastada.

“Deveríamos ter descentralizado mais a ajuda humanitária. Em uma cidade bloqueada por escombros e destroços, acabamos agravando ainda mais o problema ao atrair pessoas demais para Porto Príncipe”, disse.

Verticalização de Porto Príncipe

Reconstruir o Haiti implica uma mudança de paradigma. Com um déficit habitacional de 700 mil residências antes do terremoto e um grave problema de escassez de terra e falta de títulos de propriedades, o país precisa encontrar novas formas de proporcionar moradia para as quase 2,3 milhões de pessoas que vivem na área metropolitana da capital. Para isso, o governo trabalha com a população local para mudar percepções sobre questões relacionadas à propriedade e promove a verticalização de Porto Príncipe.

“O Haiti em vez de densificar, ao colocar mais pessoas por metro quadrado,  está se massificando. Todo mundo quer terra, quer jardim, mas ninguém tem dinheiro. É uma situação muito complicada. Esse é um exemplo de como podemos construir no Haiti de forma segura, com mitigação sendo feita e códigos de construção respeitados”, diz o diretor do projeto de moradia e reabilitação de bairros, Clement Belizaire, uma proposta do governo haitiano para levar 5.102 famílias vivendo em seis grandes campos a 16 bairros.

Reconstruir o Haiti implica uma mudança de paradigma. Com um déficit habitacional de 700 mil residências antes do terremoto e um grave problema de escassez de terra e falta de títulos de propriedades, o país precisa encontrar novas formas de proporcionar moradia para as quase 2,3 milhões de pessoas que vivem na área metropolitana da capital. Para isso, o governo trabalha com a população local para mudar percepções sobre questões relacionadas à propriedade e promove a verticalização de Porto Príncipe.

“O Haiti em vez de densificar, ao colocar mais pessoas por metro quadrado,  está se massificando. Todo mundo quer terra, quer jardim, mas ninguém tem dinheiro. É uma situação muito complicada. Esse é um exemplo de como podemos construir no Haiti de forma segura, com mitigação sendo feita e códigos de construção respeitados”, diz o diretor do projeto de moradia e reabilitação de bairros, Clement Belizaire, uma proposta do governo haitiano para levar 5.102 famílias vivendo em seis
grandes campos a 16 bairros.

O projeto, que envolveu o Programa da ONU para o Desenvolvimento, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Escritório da ONU de Serviços para Projetos (UNOPS) e a OIM, contou com a participação ativa dos próprios membros da comunidade para decidir sobre as prioridades da reabilitação do bairro e gerou mais de mil oportunidades de emprego e qualificação de mão de obra.

Claude André-Nadon, chefe de programa no UNOPS, explicou que um dos componentes trabalhados durante este processo foi a percepção de que haitianos poderiam viver em um edifício e mesmo assim ser proprietários. “Um proprietário antes era aquele que tinha acesso direito à terra. Por isso esse projeto é um grande avanço para o Haiti”, disse.

O processo de reconstrução do país teve participação efetiva dos militares. Com o mandato da Missão da ONU para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH) alterado após o terremoto, o trabalho das tropas vai muito além da segurança.

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