Neste embate estará a briga pelo Senado, que num Estado pequeno como o Acre ganha proporções épicas. Um dos pontos de interrogação é saber se a chamada oposição dupla-face (entenda abaixo o que é) tirará do PT a hegemonia das cadeiras, derrotando uma de suas principais estrelas: o senador Jorge Viana (PT).
Serão duas vagas em questão. É certo que o petismo continue com uma cadeira. Neste embate só há uma certeza: nem governo tampouco oposição leva as duas para si; será bem partilhado pelo eleitor, como tem sido historicamente.
A dúvida fica em torno de como a oposição entrará em campo. Assim como o governo pode ter uma disputa interessante, com os irmãos Viana brigando pelos mesmos votos e para os mesmos cargos, os oposicionistas podem ficar num beco sem saída.
Hoje o candidato natural é Sérgio Petecão (PSD). O senador, mesmo com um mandato aquém do esperado e sempre à sombra de Renan Calheiros (PMDB-AL), vê sua imagem desgastada. Desde 2012 só se meteu em trapalhadas eleitorais. A ele foi atribuída a derrota dos opositores à prefeitura de Rio Branco, depois de dividir o palanque.
O mesmo agora em 2014, após patrocinar Tião Bocalom para sair do PSDB e ir para o DEM, levando à outra divisão de candidaturas. Mas não se pode negar a militância do senador na campanha de Márcio Bittar (PSDB) no segundo turno, após ver a candidatura de sua esposa para a Câmara naufragar.
E é justamente o tucano Bittar que desponta como o grande favorito da oposição para o Senado em 2018. Mesmo com a derrota para o governo ele se configura numa das lideranças políticas do Estado. Ainda tem a vantagem de ter um partido autêntico de oposição no Acre e em Brasília, diferente do PP de Gladson Cameli e o PSD de Petecão, que em Brasília curvam-se aos interesses de Dilma Rousseff.
(Esta é a chamada oposição dupla-face)
Mas Bittar ainda pode ser um bom quadro para o Palácio Rio Branco. Precisa aproveitar os próximos quatro anos para passar mais tempo pelo Acre e se aprofundar melhor nos nossos problemas e apontar as soluções. Somente sua experiência de passar dias atolado numa BR-364 em Sena Madureira não o gabarita como conhecedor profundo de nossa realidade.
Ele é um bom político. Tem experiência e boa formação intelectual. Boas armas para um político de cargos majoritários. Seus aliados tucanos dizem que a vitória para o Senado é quase certa.
Só resta saber como ele vai operar dentro da oposição para tirar a força de um concorrente já assentado na cadeira, além de enfrentar o peso de um vianismo, mesmo que há tempos este esteja se arrastando para se assegurar no poder. O amanhã nos dirá como esta equação será resolvida. Antes de 2018 o calendário exige passarmos por 2016.
Prestação de contas
Até o momento o eleitor de oposição do Acre não viu como seus senadores eleitos por este campo se posicionaram com relação à CPI da Petrobras no Senado. Até ontem já havia 23 assinaturas de apoio. Gladson Cameli (PP) e Sérgio Petecão (PSD) devem satisfação. Será que o custo de ocupar cargos na Mesa Diretora foi jogar no lixo a confiança do eleitorado acreano?
JV paz e amor
Este parece ser o novo estilo de Jorge Viana. O combativo senador petista vem deixando de lado seu já tradicional estilo aguerrido, optando pelo apaziguamento. Aparenta querer pegar onda no “Camelismo”, de agradar a gregos e troianos, com bonitas frases de efeito redigidas pelo marketing, e conquistar eleitores. Em seu caso é mais reconquistar ante o desgaste de 20 anos de domínio.
Reconhecimento
Nada mais justo do que o ex-prefeito Raimundo Angelim (PT) ser escolhido para liderar a bancada federal. Sua boa votação fez a diferença. Mas, muito mais do que isso, foi seu expertise sobre o caminho das pedras nos ministérios em Brasília para conquistar recursos que pesou. Como prefeito de Rio Branco ele soube como ninguém carregar o pires em busca de dinheiro para a capital.
Força mantida
Tirada da secretaria de Saúde, Suely Melo continua com bastante força diante de Tião Viana. Ele atua como sua assessora especial, e qualquer assunto mais delicado é designada diretamente por ele para resolver. Na mais recente cheia do rio Tarauacá esteve diretamente envolvida nas ações de ajuda do Estado à prefeitura de Rodrigo Damasceno.
Cartilha tucana
Que Wherles Rocha (PSDB-AC) será uma das principais vozes da oposição na Câmara dos Deputados isso não há dúvidas. Seu retrospecto de enfrentamento ao petismo lhe oferece a credencial. Mas lá é diferente daqui. Numa bancada de 54 deputados tucanos, ele terá de suar muito a camisa para virar uma referência nacional. Precisará de muita calma, ou pode gastar munição desnecessária e sair abatido deste tiroteio.
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