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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Marina Silva falou, Marina Silva avisou

A crise hídrica não é um problema só para milhares de brasileiros que moram nas regiões afetadas pela seca prolongada, levando-os ao racionamento de água e à dura realidade de ver suas torneiras vazias. Aos poucos ela afeta a economia do país, e não somente no sentido de colocar em risco a produção de energia. A falta de água começa a afetar a produção industrial.

Sem água, uma das matérias-primas base, as fábricas também não funcionam. Ela é usada em várias fases no sistema fabril. E sem ela a produtividade fica comprometida. Preocupados com esta situação, muitos industriais já pensam em sair do centro industrial nacional localizado Sudeste e migrar para outras. E a Amazônia pode ser um dos destinos mais seguros.

Temos a maior bacia hidrográfica do mundo. Por mais que soframos com os temperamentos de São Pedro, as chuvas continuam a cair, mantendo nossos principais rios sempre caudalosos. A Zona Franca de Manaus é um bom exemplo do sucesso industrial na floresta.

Além da segurança hídrica e energética ela conta com o que o empresariado mais sonha: a isenção de impostos. A falta de chuvas no Sudeste compromete a hegemonia daquela região como centro industrial, e levará para regiões mais pobres do país empreendimento que podem gerar riqueza e tirar da miséria outro tanto de brasileiros.

Os governos da Amazônia precisam estar atentos a este comportamento. Nunca antes na história deste país o clima parece afetar tanto o movimento de investimento da economia. Mas a busca das indústrias pelo “El Dourado” das águas deve contar com responsabilidade ambiental. Afinal, só há chuvas regulares porque ainda temos parte da floresta intocada pela ação humana, e é parte desta mata que regula o tempo do Oiapoque ao Chuí.

A atração das indústrias para o Norte precisa vir acompanhada de políticas responsáveis de conservação de nossos mananciais. Sabemos que todo grande empreendimento tem seus impactos com sérios danos ao ambiente. E a preservação das fontes hídricas deve ser prioridade, pois, caso contrário, a degradação ao longo dos anos pode acaba como nossa vantagem.

Depois de 500 anos o Brasil começa a olhar a importância deste pedaço de terra que representa mais da metade de seu território, mas sempre relegado a terceiro plano nas políticas de desenvolvimento dos governos. Está sendo preciso milhares de paulistas, mineiros, capixabas e cariocas ficarem de balde na mão para o começo de um novo olhar sobre a Floresta Amazônica.

Depois de investirem bilhões de reais na construção de usinas hidrelétricas na Amazônia para abastecer as industrias do Sudeste, ao que tudo indica esta energia ficará por aqui mesmo para abastecer as neoindústrias da floresta. São as mudanças climáticas com seus efeitos mais drásticos no Brasil.

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