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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A saúde de Tião Viana

O governador Tião Viana viu como tema central dos debates da primeira semana de trabalhos da “nova” Assembleia Legislativa a saúde, sua área tida como primordial por sua formação médica e “humana”. Por mais que o petista tenha assumido para si a tomada de decisões que afetam diretamente o bom ou mau funcionamento do setor, os acreanos continuam a reclamar de problemas já rotineiros.

Talvez haja uma explicação para isso: em um mês à frente do cargo, o sucessor de Suely Melo, Armando Melo, até agora não disse à comunidade para quê veio de fato. Pouco ou quase nada se ouve falar de seu nome. Quando os pepinos aparecem, o seu auxiliar Irailton Lima é acionado para apagar o incêndio.

A impressão que fica é de um procurador que não quer assumir para si a responsabilidade de problemas passados -e bem presentes. Melo precisa entender que agora ele não mais opera com a frieza das leis, mas com a extrema sensibilidade humana que milhares de pacientes do sistema público de saúde necessitam dos gestores.

Um paciente num leito de câncer não tem motivos para esperar o mesmo tempo que um processo movido contra o Estado, e que ele, como procurador, tinha o dever de trabalhar o tempo que fosse necessário para evitar danos a este mesmo Estado. A saúde não tem este mesmo “time”. Trata-se de vidas que estão em jogo.

O médico Tião Viana precisa dar severas broncas na cúpula da saúde. Este setor não pode trabalhar evocando a desculpa da burocracia. A agilidade tem que ser a marca de um bom secretário para evitar a falta de medicamentos na rede, bem como a garantia de atendimento médico nos hospitais.

Se o governador não assumir de fato a responsabilidade na gestão da saúde a oposição continuará a lhe causar problemas dentro da Assembleia Legislativa. Mas isso não é o pior: o cidadão mais pobre ficará sofrendo com o descaso. Muito mais do que boas intenções (e de ficar na linha de frente no tiroteio oposição-base), a saúde necessita de eficiência, competência e compromisso por parte de seus operadores.

Caminho certo 
Até o momento Daniel Zen (PT) tem se comportado como um bom líder do governo. Seu preparo intelectual o gabarita para sua oratória na tribuna. O mais importante, contudo, é o respeito com que trata a oposição. Ao contrário dos últimos líderes de Tião Viana, que recorriam à ironia e uma tentativa tola de desconstrução dos adversários, Zen os responde apenas com os dados técnicos, mostrando como e onde o governo está agindo para corrigir os problemas apresentados.

Misturas
Há tempos o blog bate na tecla da confusão público-partidária institucionalizada no governo Tião Viana. O presidente do PT, Ermício Sena, praticamente tem assento cativo dentro do gabinete do governador. Na terça passada, por exemplo, quando da leitura da mensagem governamental na Aleac, ele atuava como um verdadeiro integrante do primeiro escalão, ficando colado à vice-governador, Nazaré Araújo.

Separações 
Há uma diferença clara entre os reinos encantados de lá e cá. Pelo Planalto não se vê Rui Falcão “socado” nos palácios oficiais, muito menos por Brasília, optando por ficar na sede do PT, em São Paulo. Partido é partido e governo é governo. Infelizmente esta separação salutar e óbvia parece não ser bem assimilada pelo Acre. São estas falhas que tiram os possíveis brilhos da gestão Tião Viana.

Rumo amadurecido 
Após disputar o cargo de vice-governador na chapa de Tião Bocalom (DEM) pelo PV, o ex-deputado Henrique Afonso está pensado em seus novos rumos políticos, já que os verdes retornaram ao governo. Uma das apostas é que ele se filie ao Democratas. Afonso é visto como uma liderança não morta, e que ainda tem um grande caminho a ser trilhado na política acreana. Para isso só precisa deixar de lado sua inconstância que lhe é peculiar, mais messiânica de tudo ao seu redor –inclusive de si mesmo.
 

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