Mais um Expoacre findada e a vida volta ao normal. Encerrada
a festa é hora de fechar os números dos negócios milionários alcançados nos
nove dias. Como não poderia deixar de ser, as cifras sempre superam as metas
passadas e a cada ano a Expoacre fica mais robusta.
O fato é que ninguém sabe nem viu toda essa dinheirama. Fico
a me perguntar se seria do tacacá pequeno de R$ 10 ou da lata de refrigerante
de R$ 3. Por mais que uma concessionária venda todos os seus carros expostos
ali é impossível se chegar a mais de R$ 130 milhões.
Talvez levem em consideração o lucro da Pop Show durante os
dias de espetáculo, deixando o público a esperar por mais de quatro horas pelo
início do espetáculo. Ou então as vendas financiadas de caminhões ou tratores.
Tinha me esquecido dos leilões das raças nobres de bovinos e outros animais.
Pode ser que o empresariado ainda tenha algum dinheiro no
bolso Agora, a grande maioria da população que passeava pelo espaço apenas
olhava e se assustava com os preços. A nossa grande força consumidora, os funcionários
públicos, ainda estava para receber seus vencimentos. Ainda assim estes
precisam deixar boa parte dos salários no banco para descontar os empréstimos.
O Estado tem salvado a economia acreana. Os pífios salários
pagos pela iniciativa privada servem tão somente para assegurar a sobrevivência
da grande maioria da população. A economia do contracheque garante os suspiros
do comércio e outros setores.
Com uma iniciativa privada fraca e sua força econômica
(funcionalismo) desmotivada, é de se questionar os estratosféricos números
oficiais da Expoacre –que em todo ano são alvo do ceticismo da sociedade. Mas
como na imaginação de nossos governantes o Acre continua um modelo para o
Brasil e o mundo, tudo vai muito bem, obrigado.
A Expoacre acabou. Os números estão no azul. É curar a
ressaca e preparar o Parque de Exposições Marechal Castelo Branco para sua
próxima utilidade: abrigar nossos miseráveis que moram em área de risco despejados
de suas casas quando o rio Acre supera (novo recorde) sua cota de transbordamento.
Na riqueza e na pobreza o local serve para mostrar os dois lados opostos do
Acre: a potência econômica na cabeça dos petistas e a pobreza real vivida
diariamente pela população.
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