Páginas

domingo, 5 de agosto de 2012

Cala a boca, Dudé

O jornalista Itaan Arruda, editor de Economia do jornal “A Gazeta”, tem sido covardemente agredido por assessores palacianos por ousar questionar os sempre questionáveis números da Expoacre, que a cada ano alcançam cifras milionárias. Eu mesmo aqui neste blog coloquei em xeque a consistência destes dados, que não ignoram os mais pessimistas prognósticos econômicos.

Itaan Arruda foi assessor de imprensa do governo Binho Marques entre 2007 e 2008. Era tido como jornalista aliado do petismo. Deixou o governo e voltou para a nossa pobre vida de redação. Em artigo na semana passada colocou pontos de interrogação nas cifras “expoacreanas”. Foi o suficiente para ser bombardeado pelo decano organizador da feira Dudé Lima.

Há 16 anos promoter do governo petista, Dudé Lima ganha um generoso salário com sua fiel escudeira Nena Mubarac. Eles estão muito bem, obrigado, e querem colocar na cabeça de todos os acreanos que nossas contas-corrente estão tão saudáveis quanto as deles. 

Dudé Lima pergunta o motivo de Itaan questionar a Expoacre agora que está de fora do Palácio Rio Branco. Perguntou ele de forma grotesca no Twitter: “Sera que era o salário de assessor do gov que dava coerência Itaan ?” (Os erros de português são do autor da tuitada)

Dudé é do tipo petista que acha que bom jornalista é o jornalista calado e que apenas elogie o governo, sem nunca apresentar

questionários. Enquanto esteve na assessoria Itaan fez seu trabalho. Na redação atua como jornalista e sua função é informar o leitor, levar a verdade e não a mentira como os “donos da razão” desejam.


Aqui vai minha solidariedade a Itaan Arruda e os parabéns pelo excelente artigo que transcrevo abaixo: 

O consenso silencioso a respeito da manipulação de dados sobre o balanço financeiro da Expoacre exige comprometimento de mais atores, até agora omissos na guerra dos números. Atualmente, a contabilidade do volume de negócios da feira é feita exclusivamente pelo Departamento de Estudos e Pesquisas Aplicados à Gestão (Depag).

É um departamento vinculado à Secretaria de Estado de Planejamento. Portanto, um órgão sob o comando do governo. Todos os dias do evento, várias equipes se dividem com os questionários a serem respondidos pelos empreendedores.

E não se espera outro resultado. Ano a ano os recordes são certos. Não há crise no mundo que consiga entrar no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco. Na contabilidade oficial, o resultado está vinculado diretamente aos ditames políticos do Palácio Rio Branco.

A feira tem que ser um sucesso, custe o que custar. O governador Tião Viana, que tudo avalia com a calculadora “política”, age seguindo uma lógica que lhe foi permitida. Democrata que é, joga o jogo com as regras que recebeu.É a lógica.

O que espanta, de fato, é o silêncio de instituições como a Federação do Comércio, Associação Comercial e Industrial e Universidade Federal do Acre. Essas instituições deveriam fazer uma contabilidade paralela. Juntas, têm competência, recursos e capacidade técnica para apresentar dados que apontem a realidade.

Das duas, uma: ou o comércio do Acre, de fato, está indo muito bem, com vendagem acima das metas, ou não existe independência institucional no Acre, o que pode explicar o silêncio das representações de classe.

Na edição de 2013, é possível que um instituto extra-Seplan chegue aos mesmos resultados que o cálculo oficial, utilizando outra metodologia? Claro que é. Se houver manipulação de dados, no entanto, pior para todos. Governo, inclusive.

O suplemento Acre Economia foi a Expoacre praticamente todos os dias, inclusive à apresentação de Michel Teló. Nos vários depoimentos colhidos, a situação era de desânimo e pessimismo em relação às vendas. Embora ninguém aceitasse se expor.

Outra situação que deve ser revista: papel das instituições bancárias e venda de máquinas e implementos agrícolas. Já é prática consolidada (e naturalmente não assumida) de que as vendas de tratores e caminhões e pedidos de financiamentos feitos em datas próximas à feira sejam concluídos no evento. Há algo de ilegal nisso? Claro que não. Mas, por aí, já se vê o esforço articulado em rechear os números oficiais.

Necessário esclarecer, no entanto, duas coisas:1) mesmo entendendo a importância óbvia da Expoacre, é preciso compreender que ela não é indicativo de crescimento. Mostra demonstrativa do perfil da nossa economia, a feira é antes um termômetro de circulação de riqueza e dinamismo do comércio; 2)outro esclarecimento diz respeito aos valores não contábeis: a um menino do Juruá, puxado pelo braço da desconfiada avó, que viu as cores da Expoacre pela primeira vez,pergunte-se o prazer de estar ali! “Não há dinheiro no mundo!”

Para o setor privado, a Expoacre é importante em todos os aspectos. Mesmo que não se venda nada, é importante estar com a empresa lá. Consolidando a marca. Todos querem que a feira seja um sucesso. Ninguém deseja o contrário. É preciso, no entanto, deixar que os números expressem isso. Naturalmente. Brigar com os eles enfraquece a todos.

Um comentário:

  1. Gostaria de conhecer algum cidadão que comprou um carro na expomentira, e quem se dá bem nestas expomentiras são os empresarios da construção que são beneficiados com licitações dirigidas as firmas MC e ETCOM. Etcom que por sinal pertence ao grupo das senhoras que mandam e desmandam nos eventos do ESTADO DA FRENTE POPULAR.

    ResponderExcluir