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terça-feira, 21 de julho de 2015

Uma jovem democracia radical


O mais recente episódio envolvendo o Partido dos Trabalhadores (PT) mostra uma nova e velha face da legenda que governa o Acre já há quase duas décadas. A atitude dos jovens militantes de declarar apoio público à greve dos professores da rede estadual é considerada uma atitude ousada de enfrentamento à cúpula da legenda e do governo, que já declarou os lideres do movimento grevista como personas non gratas.

A velha cara deste embate é que o PT continua sendo PT quando suas tendências fingem viver uma relação pacífica (à Palestina x Israel) até o próximo míssil ser lançado. Bastou os mandas-chuvas de plantão ensaiarem uma expulsão dos jovens rebeldes para as correntes minoritárias se unirem para enfrentar o inimigo mais forte: a Democracia Radical (DR).

Apesar do lindo nome, é esta a tendência a querer a saída imediata da militância jovem. O PT tem um estatuto que o tornaria o partido mais belo da Terra, com garantias de liberdades plenas aos filiados e suas tendências. Porém, na prática, a realidade é bem outra. Quem detém o domínio não pensa duas vezes antes de rasgar este mesmo regimento e fazer valer suas vontades e mostrar serviço aos governantes soberanos.

Nada do que a ala jovem petista fez está em desacordo com o partido. A inocência dos “meninos do PT” foi a de acreditar que artigos ou cláusulas de um estatuto partidário estão, de fato, acima da intolerância de alguns trogloditas à frente da legenda ou da política como um todo. Eles subestimaram por demais a democracia da Democracia Radical. A ilusão é uma das virtudes da nossa mocidade.

Ficará péssimo para um partido que apregoa tanto em suas campanhas eleitorais o valor e a importância dos jovens no desenvolvimento da sociedade expulsar simples meninos que ainda acreditaram que o mundo é um conto de fadas.

O mesmo PT que diz apostar nas jovens lideranças para sempre se manter jovem diante do eleitor agora tem comportamentos de um velho rabugento. Seria insensato qualquer tipo de retaliação aos jovens petistas que apoiaram a greve da educação.

Outra faceta deste episódio (a nova) mostra que, sim, talvez o PT viva uma experiência democrática nesta era Tião Viana. Afinal, seria possível de se imaginar que qualquer ala da legenda ao menos sonharia em fazer algum tipo de manifesto durante a era Jorge Viana, que tanto no governo quanto no partido conduziu a política com mão de ferro? É pouco provável.

Tião Viana tem assegurado esta liberdade maior ao PT, sendo o processo de eleição interna de 2013 o maior exemplo desta nova faceta da sigla. Agora, o governador não pode perder as rédeas e deixar que seus emissários atuem de forma aloprada. Qualquer tipo de punição sumária aos militantes da juventude respingará diretamente na figura do líder maior do partido, o próprio governador. Para um governo já com fama de perseguidor as consequências seriam desastrosas.  



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