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sexta-feira, 10 de julho de 2015

Rondônia, uma potência vizinha?

No último fim de semana, após mais de 10 anos, voltei a visitar Rondônia, precisamente a vizinha capital Porto Velho. Pelo pouco tempo em que fiquei na cidade e um “tour” pelo rio Madeira, pude notar a potência econômica em que Rondônia está se transformando. As margens do velho e imponente rio são o reflexo deste boom, que ainda persiste em conviver com o atraso e a pobreza social.

Porto Velho, por exemplo, ocupa os últimos lugares em termos de saneamento básico. A cidade trata menos de 10% de seu esgoto, jogado in natura no mesmo rio que transporta as balsas carregadas de milho e soja para o mercado asiático. O desenvolvimento por que Rondônia passa é semelhante à de outras regiões do País, ocorrendo sem a devida simetria com a responsabilidade social.

Contudo, o crescimento vizinho impressiona, principalmente para nós, tão parados no tempo de nosso atraso da economia do contracheque. A construção das hidrelétricas de Santo Antônia e Jirau ajudaram a acelerar o boom rondoniense. O Estado já tinha uma forte atuação na agropecuária.

Balsa é carregada com soja, no rio Madeira, em Porto Velho (RO)
É um dos principais produtores de grãos do Brasil e tem a oitava maior criação de gado bovino. Os ambientalistas podem criticar o Estado o acusando de ter devastado a Floresta Amazônica, mas Rondônia aparenta ter uma situação econômica e social bem mais vantajosa do que o Acre, com seus 87% de cobertura florestal. “Aqui é uma terra boa de ganhar dinheiro”, disse-me o taxista que me levava ao grandioso Porto Velho Shopping, um dos reflexos deste salto na economia.

Mas, ao mesmo tempo, ele reclama da bagunça urbana da cidade. O trânsito é confuso e a sinalização, precária. Porto Velho tem ruas e avenidas bem mais amplas do que Rio Branco –e, lógico, muito menos buracos. Rondônia está muito mais de olho na ferrovia transoceânica bancada pela China do que o Acre. O Estado quer usar os trilhos para ampliar suas exportações de grãos e carne.

O governador Confúcio Moura (PMDB) realizou há algumas semanas peregrinação nos Estados do Norte pedindo o empenho de seus colegas governadores para que as condições para a ferrovia sair do papel sejam dadas.


Enquanto isso, aqui no Acre, continuamos com nossa síndrome de Peter Pan, acreditando sermos os maiores e melhores do mundo; já Rondônia, ali caladinha e tão “distante” do Acre, caminha para passear nos trilhos chineses deixando para nós os farelos de sua soja. Isso, lógico, se de fato esta ferrovia um dia virar realidade. Por falar em realidade, o Acre precisa mudar a sua e buscar um crescimento econômico verdadeiro.  

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