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sábado, 21 de julho de 2012

Era uma vez um Governo da Floresta


Quanto mais os anos avançam mais o conceito de Florestania vai caindo no ostracismo. A economia da floresta vai ficando de lado e entra em campo o desenvolvimentismo por meio da indústria e do agronegócio. Tião Viana deu fim à Secretaria da Floresta criada pelo irmão Jorge Viana. De conceitos como manejo florestal, extração sustentável e produtos verdes, as palavras de ordem são indústria, emprego e mecanização agrícola.

Tião Viana teve uma eleição apertada e corre o risco de perder em Rio Branco. Tudo fruto do descontentamento da população com as políticas econômicas. A Florestania não surtiu o efeito necessário. Beneficiou apenas uma pequena elite governamental e empresarial. Enquanto os defensores da economia da floresta estavam encastelados em seus sonhos que tudo estava a mil maravilhas, o povo se revoltou nas urnas.

A Florestania não gerou riquezas para o Acre. O Acre só andou na última década por conta do inchaço de verbas federais enviadas por Luis Inácio Lula da Silva. A fonte secou e o dinheiro é escasso. Está sendo necessário endividar o Acre para manter os investimentos e a reeleição de Tião Viana.

O governador Tião Viana não quer pagar o preço –nós vamos – de centrar os esforços num campo econômico cujos resultados são de longuíssimo prazo, e alcance restrito. A grande maioria da população acreana continua na pobreza. O contracheque do funcionalismo público e o Bolsa Família mantêm a duras penas a economia em movimento. No interior a situação é pior. Tião Viana fomenta o empreendedorismo entregando equipamentos. Ótimo!

Investiram milhões em indústrias verdes e o Acre continua pobre. Vendem para o exterior um Estado irreal, imaginário. O acreano quer sua maior riqueza de pé, mas quer emprego, quer dinheiro no bolso. A Florestania não trouxe este resultado. Tião Viana tomou para si o discurso do outro Tião (o do PSDB) e agora quer tornar o Acre uma potência agrícola. Ótimo!

O Governo do Povo do Acre deu fim ao Governo da Floresta. A ordem é gastar, investir, produzir, movimentar a economia. O Estado não vai comportar mais ninguém na sua folha de pagamento –já tem muito apadrinhado político. Temos 12% do território devastado pronto para ser uma mina do agronegócio.

O Acre não está pronto para a industrialização. Nossa infraestrutura é precária, temos um mercado consumidor pobre e a mão de obra não está preparada. A solução mais rápida é o campo. É possível, sim, conciliar a economia da floresta com o do campo. Cada uma no seu canto. A Florestania falhou, o povo reprovou e agora a visão desenvolvimentista da direita tucana está à porta.

Tião Viana está pagando os erros de seus antecessores.

Um comentário:

  1. Triste cenário do meu Acre querido. Um passo gigantesco para trás, nenhum para a frente. O futuro é ecológico, ou não será. Patrimônio tradicional é recurso considerado "inestimável", ou seja, vai mais que diamante. Biodiversidade é a moeda do momento. Brasil sedia a Rio + 20, Chico Mendes é um ícone internacional. E o Acre dá um passo atrás. Incompetência? Talvez.
    Pelo menos é um grave erro político. O Acre poderia ser - e ainda pode ser - modelo de economia ecológica para o mundo. mas, ao que tudo indica, escolhe o caminho do Produto Interno Bruto (PIB) da falência, quando poderia multiplicar por 10 a riqueza e a qualidade de vida com a implantação do modelo da Felicidade Interna Bruta (FIB).
    Triste notícia. Chico Mendes, que morreu pelo modelo da mudança deve estar se revirando na cova.
    Aos interessados neste debate nos recomendamos o site www.panakui.wordpress.com , onde estão informações e referência sobre os meus livros Sítio ecológico, um guia para salvar a terra, e Ecologia e Criatividade.

    Por Moises Matias

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