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terça-feira, 4 de agosto de 2015

Rios cheios, bandeira vermelha

Mesmo estando cercados por grandes hidrelétricas geradoras de energia, e com sua capacidade de geração beneficiada pelo grande volume de águas da região amazônica, os acreanos continuarão pagando por uma eletricidade mais cara em agosto por conta de reservatórios em níveis baixos em partes do Sul e Sudeste. O que justifica isso? A integração do Acre ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que faz o Estado ter que comprar energia com geração de custos elevados.

Por conta da crise hídrica, o governo se viu obrigado a ter que acionar as usinas termelétricas para produzir energia, compensando, assim, a escassez nas hidrelétricas com pouco volume de água. Enquanto isso, usinas no Norte como Santo Antônio, em Porto Velho, e outras no Amazonas e Pará, desfrutam de abundância de água para gerar eletricidade, graças ainda ao chamado “inverno amazônico”, período de chuvas intensas no Norte.

Mas nada disso impediu o Acre de entrar na bandeira vermelha, que é a cobrança tarifária da conta de luz calculada conforme os custos da geração. Nesta sexta-feira (31), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu prorrogar a bandeira vermelha neste mês de agosto, alegando que as despesas continuarão altas. Com isso, o consumidor terá que pagar, a mais, R$ 5,50 para cada 100 kWh usados.

A assessoria de imprensa da Eletrobras/AC informou que a bandeira vermelha também será cobrada dos acreanos em agosto, seguindo a diretriz da Aneel. Em fevereiro, ContilNet tinha pedido os dados de quais unidades geradoras no País a empresa comprava sua energia; a informação foi negada.

O conselho de consumidores de energia, colegiado com voz dentro da Eleotrabas, quer a revisão desta medida no Acre. Para alguns membros ouvidos pela reportagem, não se justifica o Estado, vizinho a grandes hidrelétricas e com os níveis dos rios não comprometidos, ter que pagar pela seca no Sul e Sudeste.

De acordo com o jornalista Ivan de Carvalho, que representa os consumidores residenciais no conselho, um pedido para esta revisão já foi protocolado na Aneel. A agência alegou que somente o Ministério de Minas e Energia pode alterar o modelo. O atual ministro da pasta, Eduardo Braga, é ex-governador e senador licenciado pelo Amazonas.

Em agosto, os conselhos dos 27 Estados vão se reunir no Espírito Santo. Uma das pautas será livrar as regiões não afetadas pela seca ter que arcar com o prejuízo alheio.

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