Páginas

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Investimento em dívida


Uma das estratégias dos governos petistas no Acre (desde os idos de Jorge Viana) para enfrentar o pobre orçamento do Estado e contar com algum recurso para aplicar em investimentos –em especial aqueles com retorno eleitoral – é contratar empréstimos. Diante de sua pouquíssima capacidade de contar com recursos próprios, aos governos nada mais resta do que recorrer aos bancos.

Como qualquer lógica bancária, é preciso devolver este dinheiro, e com juros. No País das taxas exorbitantes de juros, pegar dinheiro emprestado é ainda mais comprometedor. Estes créditos, obviamente, são pagos com recursos públicos. Os petistas têm alegado que o dinheiro de crédito foi usado para obras importantes no Acre, incluindo estradas, escolas, hospitais e empreendimentos públicos/privados.

Segundo o governo, aplicar empréstimos neste tipo de investimento é bom, pois fortalece a iniciativa privada. Com este segmento fortalecido, há geração de empregos, movimentando a economia, aquecendo o consumo o que, por sua vez, resulta em mais impostos para o Estado ...pagar os empréstimos.

O problema é que, passadas quase duas décadas de PT à frente do Palácio Rio Branco, os resultados desta lógica não surtiram efeitos. Continuamos com uma economia pobre e sem diversidade, e o Estado como principal força na economia. Não fossem os contracheques dos servidores públicos, a situação estaria pior, pois o setor privado não tem como absorver a grande mão de obra.

Estes empreendimentos que receberam dinheiro de empréstimo (alguns deles em dólar) não deram retorno. Com isso, o Estado já começa a ter que reduzir seu ritmo de investimentos para pagar a dívida. É o que mostra reportagem produzida por mim na semana passada e publicada aqui no blog e em ContilNet.

Ou seja, o governo precisa reduzir ações em setores básicos como saúde e educação para pagar débitos, pois o seu não pagamento é pior diante dos juros. Arrastar a dívida pode provocar um futuro calote. À medida que o governo deixa de investir na economia o setor privado sente os impactos.

Um destes sinais é o aumento do desemprego no Estado. Segundo o Caged, no primeiro semestre mais de 1.000 postos de trabalho foram perdidos no Acre. A crise é real e não há como fugir. O governo Tião Viana também precisa de seu ajuste fiscal, o que não se observa até aqui. A máquina pública está bastante inchada, outro fator a comprometer os investimentos.

O governador tem noção do tamanho do problema. Avisado por Dilma, ele sabe que a próxima potência a ser fisgada pela crise é a China –e aí, talvez, a locomotiva chinesa que ia atravessar a Amazônia acreana fique para a edição do próximo “O Livro Vermelho”.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário