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sábado, 22 de agosto de 2015

PT x Ruas

O presidente do PT no Acre, Ermício Sena, afirma que o partido tem condições de levar muito mais pessoas às ruas em defesa do governo Dilma e Tião Viana do que a manifestação realizada no último domingo (16), que pediu o impeachment da presidente da República e saída da legenda do poder. De acordo com o balanço oficial da Polícia Militar, 1,2 mil manifestantes estiveram reunidos em frente ao Palácio Rio Branco; os organizadores falam em dois mil.

Segundo Sena, o PT mobilizaria, sem dificuldades, cinco mil militantes, mas que não fará isso para não se contrapor ao movimento popular de domingo, que ele considera como legítimo. “Nós não vamos disputar com o movimento de rua, que é um movimento legítimo, de reivindicações. Mas nós temos a clareza de que o PT, com sua militância, consegue sim fazer isso [superar o público de domingo], e achamos que este não é o momento”, diz o petista.

O dirigente afirma que o PT acreano não seguirá a agenda nacional de mobilizações nas ruas em defesa do governo por já ter definido, antes, uma agenda no interior e capital com o mesmo propósito, e que esta pauta de defesa de Dilma será tema das plenárias internas.

Ermício Sena concedeu a entrevista a seguir:

ContilNet: A direção nacional do PT decidiu organizar, em todo o País, estes atos em defesa do governo Dilma e “contra o golpe”. Por que o partido no Acre decidiu não seguir esta agenda?

Ermício Sena: Já tínhamos decidido antes intensificar a nossa agenda pelo interior e capital. São atos em defesa da democracia, das instituições, do respeito ao processo eleitoral e da presidente Dilma. Como nos outros momentos, a gente sempre fez aqui no Estado diferente do que se faz no resto do País por conta de a relação aqui ser diferente. O movimento que houve domingo foi considerado pelas próprias pessoas que estavam nele como fraco. A gente [o PT] poderia muito bem colocar cinco mil pessoas na rua, mas esta não é a intenção, fazer contraponto à manifestação. A nossa intenção é mobilizar a militância e todas aquelas pessoas que sempre estiveram conosco para uma agenda mais propositiva. A ideia é fazermos uma agenda que não seja determinada por uma posição nacional, mas cumprirmos o que é definido pelo nosso diretório.

Então se pode dizer que o PT no Acre tem uma agenda dissociada da executiva nacional?

Digamos que só em relação às datas. Nós temos aqui toda uma conjuntura que permite termos uma agenda de data diferente, mas que dialoga com a pauta nacional. Não vamos nos dissociar do caráter nacional da agenda, que será a defesa da presidente Dilma, do presidente Lula e do Estado Democrático de Direito.

O senhor falou que o PT do Acre teria condições de levar cinco mil pessoas para as ruas. O PT ainda é um partido com a capacidade de fazer esta mobilização social, de pessoas não filiadas ou sem cargos na estrutura do Estado?

Eu avalio que sim, pois nas últimas plenárias que fizemos contaram com a participação mínima de 2,5 mil pessoas. Nós temos oito mil pessoas filiadas ao PT. Nós não vamos disputar com o movimento de rua, que é um movimento legítimo, de reivindicações. Mas nós temos a clareza de que o PT, com sua militância, consegue sim fazer isso, e achamos que este não é o momento agora. Mesmo como falam de desgaste do PT com 16 anos no poder nenhum outro partido cresceu mais do que nós este ano, com 700 filiações no primeiro semestre, e isso sem fazermos campanha de filiação.

Não fica estranho para o PT acreano, Estado onde a legenda governa por mais tempo e um dos símbolos do petismo no Brasil, de repente ficar de fora de uma agenda nacional quando o governo Dilma passa por um de seus piores momentos políticos? Como ficaria o diretório regional diante da cúpula nacional?

A executiva nacional do PT sempre teve a executiva do Acre como referência. O PT do Acre nunca esteve envolvido em nenhum ato de corrupção, nunca financiamos nossas atividades partidárias com [dinheiro de] empresas, exceto nas campanhas eleitorais, mas sempre dentro da legislação. O PT do Acre sempre procurou aliar governo com militância política. O PT nacional tem a consciência de quando a gente vai, faz. Nunca dissociamos a nossa militância local da nacional. Nós temos um diálogo com todos os partidos da Frente Popular pois entendemos que não podemos crescer sozinhos. Temos muita clareza de aqui fazemos as coisas pensando no PT como um todo.

Qual a sua avaliação do atual momento político por que passa o PT e o governo Dilma?

Nós não nos arrependemos daquilo que fizemos, que foi o fortalecimento da Polícia Federal, do Ministério Público, dar independência à Procuradoria Geral da União, buscar com que as instituições tenham a sua independência. Isso o governo do presidente Lula fez e a presidente Dilma deu prosseguimento. Portanto, nunca na história deste País se prendeu tanto corrupto, e isso não só na [Operação] Lava Jato. A Polícia Federal e o Ministério Público hoje atuam, nós não jogamos para debaixo do tapete nenhuma denúncia. Não temos um engavetador-geral da República como havia no governo do PSDB. No PT defendemos que, se alguém errou, tem que pagar. Agora, não se pode acusar, prender, sem dar chances ao contraditório e fazer condenações prematuras. Os movimentos de rua são legítimos, mas 900 mil que vão protestar não podem exigir o impeachment de uma presidente eleita com 54 milhões de votos. Acredito que esta crise vai passar, somos um País de economia sólida.

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