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sábado, 30 de agosto de 2014

Nesta mata tem Marina

A pesquisa Datafolha encomendada pela “Folha de São Paulo” e divulgada ontem mostra a reviravolta que tomou de conta da eleição presidencial desde o trágico acidente aéreo do último dia 13, que vitimou Eduardo Campos e sua equipe. Em meio ao luto os comentários eram acerca de seus efeitos sobre a “candidata natural” do PSB, a acreana Marina Silva.

A leitura comum era de que a ex-senadora seria beneficiária de uma grande comoção nacional pela morte de Eduardo, o que resultaria no acirramento da corrida pelo Planalto. Passadas duas semanas desde a fatalidade em Santos (SP), os resultados estão aí. Há quem diga, contudo, que este “boom” de Marina está associado muito mais ao seu bom capital político-eleitoral, do que necessariamente à morte do ex-governador de Pernambuco.

De fato é. O mesmo Datafolha apontava Marina com 28% das intenções ainda em abril, sendo a única candidata capaz de levar a sucessão para o segundo turno, evitando mais quatro anos de Dilma Rousseff (PT) já em 5 de outubro. Este favoritismo se concretiza gora. Foi em Marina Silva e não em Aécio Neves (PSDB) o candidato que o eleitor parece ter encontrado a sua válvula de escape contra o governo e seu desejo de mudança após 12 anos de PT.

O mais surpreendente é o crescimento de Marina. Na terça o Ibope mostrava Marina distante apenas cinco pontos de Dilma. Analistas apontavam como certo a ex-ministra encostar na adversária petista, mas não que isso acontecesse num período de tempo tão curto. O mais provável seria este acirramento em uma ou duas semanas. Levando em consideração os dados do Ibope divulgados na terça e o levantamento do Datafolha na quinta, foi apenas um dia para o “fenômeno” Marina estar em empate técnico.

Há quem fale em vitória da ex-senadora já num primeiro turno. Isso poderia acontecer? Talvez sim, porém a pesebista precisa continuar a manter este bom desempenho, tirando (mais) voos de Aécio e, sobretudo, atrair os (ainda) eleitores de Dilma. Infeliz o homem que acha que a política é ciência exata.

Segundo plano
O “furacão” Marina Silva causou um efeito nunca visto antes na história recente do Acre: o ofuscamento da eleição para governador e senador. Em todas as esquinas o assunto deixou de ser a guerra PT x PSDB para ser a possibilidade real de uma acreana saída do seringal virar a presidente da República. Até mesmo aqueles eleitores mais radicais do anti-Marina tornaram-se seus cabos eleitorais.

Segundo plano 2
Num Estado pequeno como o Acre, cuja participação na corrida presidencial nunca influenciou esta disputa, era muito mais comum os cidadãos se digladiarem por seus postulantes ao Palácio Rio Branco ou Senado. O acreano que estava com seu sentimento de acreanidade ferido por tantos desmandos e escândalos de corrupção que colocaram o Estado nas páginas policiais da imprensa nacional, agora reencontra o sentimento de orgulho com sua “filha mais ilustre” sendo manchete no mundo inteiro.

Queda dilmês
Preocupado com a avalanche de votos que Marina tende a obter do eleitorado local, recuperando-se do vexame de 2010, o governo começou campanha pesada pedindo votos para Dilma Rousseff (PT), para também evitar a repetição de outro fiasco. Tião Viana (PT) passou a ser o garoto-propaganda de Dilma no Estado, apresentando-a como “amiga dos acreanos” e responsável por liberar grande volume de recursos para investimentos em seu governo.

Editado e pronto
Desde quarta Dilma passou a aparecer no programa eleitoral pedindo voto para Tião. O problema é que se trata daqueles vídeos produzidos em Brasília, com padrão único para todos os seus candidatos a governador nos Estados, onde, apenas no final, há uma menção ao seu companheiro de palanque. Isso mostra o desprestígio da gestão petista do Acre com o Planalto, com a presidente não tendo a delicadeza de gravar uma saudação especial ao abandonado eleitor do Acre.

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