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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A mudança eleitoral

Principal adversário de Tião Viana não é a oposição, mas sentimento de mudança do eleitor
Os dados apontam que mais de 75% dos eleitores querem mudança, sendo ela relacionada à troca de governo ou um novo modelo de governar

A campanha que de fato começa a partir de hoje com a propaganda eleitoral de TV e rádio mostra que o principal adversário de Tião Viana (PT) em busca pela reeleição não é, necessariamente, a oposição dividida em dois palanques. O principal adversário do petista será o sentimento de mudança expresso pelo eleitor em todas as pesquisas realizadas, seja da Frente Popular, seja dos opositores.

Os dados apontam que mais de 75% dos eleitores querem mudança, sendo ela relacionada à troca de governo ou simplesmente um novo modelo de governar. A favor de Tião pesa a sorte de, até aqui, a oposição não ter tido a capacidade de espelhar esta vontade popular.

O pensamento que ainda predomina é o “ruim com eles, pior sem”. Mas mesmo com estes fatores, o eleitor não tem pensado duas vezes, e atira no escuro com aqueles candidatos que disputaram as últimas eleições. Prova disso são os resultados cada vez mais apertados nas eleições, com o governo tendo que travar campanhas hercúleas para evitar a derrota.

Em 2014 Tião Viana terá dois concorrentes em busca de capitalizar ao máximo estes mais de 70% dos eleitores ansiosos por alterações: Márcio Bittar (PSDB) e Tião Bocalom (DEM). As últimas pesquisas apontam empate técnico entre eles, mas uma análise dos números nos permite concluir que o maior calo para o petista será Bittar.

Bocalom tem hoje boa memória eleitoral, mas carrega consigo uma “fadiga de material”. Tem 29% de rejeição –o campeão – e seus discursos já estão batidos para a grande maioria do eleitor. Em sucessivas disputas majoritárias desde 2006, demonstra não passar segurança nem capacidade de autorrenovação para o eleitor, sobretudo os de classe média, mais escolarizados e de maior renda.

Por sua vez, Márcio Bittar aparece como a “novidade”. Desde 2006 ele não concorre a uma majoritária. Mesmo longe das urnas em oito anos, seu nome empata e até ultrapassa Bocalom recém-saído de segundo turno na capital em 2012, e ainda apresenta a menor rejeição. Tem o maior tempo de TV entre todos os candidatos e um estilo mais técnico, que pode cativar aquele eleitor em busca de um oposicionista que lhe transmita segurança.

Mas contra ele pesa o fato de carregar as velhas figuras da oposição, o que pode comprometer a imagem da “novidade” para a mudança. Porém, com o petismo há 16 anos no poder, é difícil falar em novo. Para tentar amenizar o dano da caduquice do PT, Tião Viana precisará desvencilhar-se dos governos de Binho Marques (2007-2010), e do irmão Jorge Viana (1999-2006).

Terá ele coragem de fazer isso? Talvez não, pois não há como negar o bom legado destes dois governos, mas Tião não poderá ficar preso a eles. Também não há como esquivar-se, pois é herdeiro da gestão petista, não fazendo nada diferente dos antecessores. O desafio dele é convencer o eleitor de que mais quatro anos de fato representam “mais mudança”, um dos motes de sua campanha. O jogo começa agora.

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