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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Iguais, mas desiguais

“A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” é considerada uma das obras clássicas do sociólogo alemão Max Weber. Nela, ele analisa as diferenças entre as sociedades protestantes e católicas do mundo ocidental. Em resumo, compara o desenvolvimento rápido do capitalismo nos países protestantes, que têm como base a valorização do trabalho e a não proibição do acúmulo de riquezas, com o catolicismo contra a acumulação, tida como pecado, logo levando o cidadão ao fogo do inferno.

No Acre estamos para escrever outra obra. Parafraseando Weber seria uma espécie de “A Ética Comunista e o espírito (indomável) do Capitalismo”. Desde o início da propaganda eleitoral na mídia o candidato ao Senado Gladson Cameli (PP) vem sendo crucificado e queimado na fogueira por ser de uma família notadamente rica no Acre e em parte do Norte.

Numa campanha apelativa e quase desesperadora, a Frente Popular ataca a honra dele e de seu pai, o empresário Eládio Cameli, dono de uma das maiores empreiteiras da região. Segundo os governistas, enquanto eles farão uma campanha limpa e de debates com o povo (o velho moralismo de sempre), o candidato da oposição iria comprar o mandato graças ao poderio econômico da família.

Mas o que pretendo aqui debater não é esta questão. Mas sim a demagogia com que a carcomida esquerda acreana trata aqueles que detêm um pouco mais de capital. Eles que antes de chegar ao poder “arrastavam a cachorrinha”, hoje moram nas melhores mansões de Rio Branco e nos bairros com suas guaritas longe da patuleia em sua miséria.

Gladson Cameli argumenta bem: “Ao contrário da minha família, aqueles que me chamam de “riquinho” enriqueceram da noite para o dia após entrar na política. Minha família saiu do seringal e foi ralar muito, trabalhou dia e noite para poder construir um patrimônio. Agora é fácil ficar rico a partir de um mandato na Câmara e conseguir uma casa no bairro mais conceituado de Rio Branco”.

Em 16 anos de governo, petistas e comunistas não conseguiram tirar o Acre da lanterna no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Os nossos socialistas revolucionários não foram capazes de garantir uma distribuição de renda mais justa –pelo contrário, mantiveram e ampliaram a concentração de grande parte da renda na mão de uma pequena burguesia. A redução da desigualdade foi quase nula.

Aliás, o petismo acreano é hoje o maior símbolo da burguesia no Estado, enquanto quase metade da população vive de um Bolsa Família que já não dá para comprar nada com a inflação que corrói seu poder de compra. Eles criticam quem é “riquinho”, mas seu capitalismo selvagem é mais feroz do que de um especulador de Wall Street.

Chamar Gladson de “riquinho” não vai reduzir sua vantagem apontada nas pesquisas. É melhor ter um rico no poder e que talvez não vá se locupletar do patrimônio público para aumentar o capital, a eleger as “vítimas do capitalismo” para lá triplicarem seus bens. A ética do comunismo a História já nos mostrou, onde todos são iguais, mas uns são mais iguais do que os outros (Como bem definiu George Orwell em seu clássico “A Revolução dos Bichos”).

Enquanto cubanos e norte-coreanos vivem em plena miséria, seus líderes supremos desfrutam do que de melhor o capitalismo pode oferecer.

O eleitor não merece ficar sujeito a esta disputa rasteira e sem proposta. Ao invés de acusar o adversário por ser rico, a Frente Popular deveria apresentar um plano de governo capaz de oferecer aos cidadãos menos favorecidos a oportunidade de sair da pobreza, gerar sua riqueza para um dia, quem sabe, também serem “riquinhos”. Dessa forma teremos uma sociedade bem melhor, sem miséria e com o capital sobrando no bolso de cada acreano.

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