Páginas

sábado, 6 de maio de 2023

O rei salve a Amazônia

O rei salve a Amazônia  

Lula, o Grande, com o PM do Reino Unido, Rishi Sunak; libras para a Amazônia (Foto: Ricardo Stuckart)

 

Fabio Pontes - Varadouro


Lula III, O Grande, está no Reino Unido para participar da coroação de seu colega, o agora rei Charles III. Antes, teve encontros políticos importantes para o Brasil, incluindo com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak. A partir da reunião foi anunciada a doação de R$ 500 milhões para o Fundo Amazônia. Mais uma importante conquista para o processo de reconstrução da política ambiental brasileira, após quatro anos de destruição promovida pelo desgoverno do seu Jair, o déspota.


Num primeiro momento, o anúncio da milionária doação pode parecer novidade, no sentido do governo britânico financiar projetos de preservação da Floresta Amazônica no Brasil. Porém, aqui no Reino Encantado da Floresta, também conhecido como Acre, já há libras esterlinas para apoiar projetos de conservação do bioma - ou pelo menos havia.

É que desde a chegada da direita bolsonarista ao Palácio Rio Branco (sim, temos um palácio), representada pela eleição do príncipe Gladson Cameli (de um partido progressista muito retrógrado), todos os projetos e iniciativas implementadas pelos 20 anos de governos petistas para o meio ambiente ficaram seriamente comprometidos. É lógico que o atual grupo reacionário hoje no poder olha para a questão ambiental como algo de comunista-petista - cujo legado precisa ser extirpado.

Entre essas iniciativas está o programa estadual de pagamento por compensação ambiental do Acre, o REM/KFW. As três últimas letras fazem referência ao banco alemão de fomento, o KFW, parceiro inicial do Acre dentro do conceito de governos dos países mais ricos do mundo enviarem seus dólares, euros e libras para ajudar nós, abaixo da Linha do Equador, a salvar as florestas tropicais de políticos como Cameli, Bolsonaro, Márcio Bittar, Marcos Rocha……..

A partir de 2017, quando o REM/KFW foi renovado e entrou em sua segunda fase, o Reino Unido aderiu ao programa. Com isso, o volume de recursos que o Acre passaria a receber para manter a Amazônia preservada aumentou. Porém, desde 2019, quando Cameli assumiu o trono do agronegócio, o Acre deixou de ser um bom exemplo de proteção da floresta, para ser a pior das referências. Nos últimos quatro anos, as taxas de desmatamento da Amazônia no Acre chegaram a níveis alarmantes.

A sanha do desgoverno Cameli em destruir a política ambiental dos governos do PT foi tão grande, que ele acabou por extinguir a autarquia responsável por captar e gerenciar os recursos do REM/KFW: o Instituto de Mudanças Climáticas (IMC). Vendo a lambança que fez, o governo voltou atrás, e ainda foi fazer um passeio pela Alemanha para dizer que tinha compromisso com a proteção da Amazônia. Por aqui, a prática é outra.

Enfim, este é um tema muito longo do qual me dediquei a escrever no quadriênio passado. O escândalo mais recente, também noticiado por mim, relaciona o REM/KFW aos esquemas de corrupção, de desvio de dinheiro público, revelado pela Polícia Federal, no âmbito da operação Ptolomeu. Tais denúncias são refutadas pelo governo.

O fato é que a desastrosa política (se é que há alguma) do desgoverno do príncipe Gladson Cameli resultou não apenas em perdemos imensuráveis quilômetros quadrados de Floresta Amazônica, como também deixamos de receber dinheiro que seria usado não apenas para ações de repressão, mas, sobretudo, para garantir qualidade de vida para as populações ribeirinhas, extrativistas, indígenas e da agricultura familiar por meio de uma produção agrícola sustentável, de baixos impactos ambientais - e de valor agregado.

Agora, com o Reino Unido aderindo ao Fundo Amazônia, que novas e melhores parcerias sejam executadas. Que as associações, cooperativas e ONGs possam apresentar projetos que assegurem a melhoria da qualidade de vida dos povos da floresta. Como se vê, dinheiro há. A partir de agora são necessárias ações emergenciais para amenizar os danos ocasionados pelos desgovernos Bolsonaro e Cameli.

A seguir, os links de uma série de artigos escritos sobre o REM/KFW de 2019 pra cá: 

 

CGU aponta que até recursos do REM/KFW foram pagos à empreiteira investigada

 

Desmatamento recorde fará Acre perder € 30 milhões até 2021  
 

Governo mantém atraso nos subsídios do extrativismo e compromete política ambiental  

De olho em recursos internacionais, governo Cameli busca aproximação com movimento indígena       

Nenhum comentário:

Postar um comentário