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terça-feira, 2 de maio de 2023

Nem tão direitos assim...

A Política na Floresta  


Os senadores Alan Rick e Márcio Bittar: a cara do bolsonarismo no Acre (Foto: Divulgação)


A direita bolsonarista acreana está espatifada. Graças a Deus!. Assim podemos resumir o atual cenário político acreano, desde a ascensão de uma direita bolsonarista, retrógrada e reacionária ao poder, representada pela eleição de Gladson Cameli (PP) para governador, em 2018. Não que eles algum dia tenham sido unidos em torno de um projeto de gestão para o Acre. Desde que ficaram 20 anos fazendo oposição aos governos do PT, viviam aos trancos e barrancos, cada um lutando pelos próprios interesses. Mesmo agora no poder, permanecem um verdadeiro balaio de gatos - como eram chamados pelos meninos do PT.  


A recente reunião da executiva estadual do União Brasil, realizada na semana passada, mostra bem o nível de despudor do bolsonarismo acreano. Nem bem acabamos de sair de um turbulento processo eleitoral e de transição de poder - com clara ameaça de golpe à ordem democrática -, e os ilustres parlamentares do União Brasil (incluindo 2 senadores) já falavam nas eleições de 2026, lançando candidatos à sucessão de Gladson Cameli, o governador acossado por incontáveis denúncias de corrupção apontadas pelo robusto inquérito da operação Ptolomeu, da Polícia Federal.

O gesto do União Brasil mostra o total descompromisso deste bolsonarismo mais reacionário com as questões que de fato impactam a vida dos acreanos. O estado está mergulhado numa grave crise social, política e econômica. Como falo desde 2019, o Acre vive uma situação de desgoverno desde a chegada de Cameli ao Palácio Rio Branco. A partir da deflagração da operação Ptolomeu, em dezembro de 2021, a situação só piorou, com o governador preocupado tão somente em salvar a própria pele e da família das investigações policiais.     

Mesmo assim, o União Brasil se acha no direito de já discutir uma eleição que vai acontecer daqui três anos e meio - acho eu nas minhas contas. E olha que, em tese, o partido é da base de sustentação do governador, ocupando cargos na (des) gestão pública. Como dito acima, essa direita reacionária nunca teve a unidade como uma de suas marcas, tampouco tem um projeto de governo para o Acre. É cada um puxando o tapete do outro em nome de interesses pessoais e familiares de poder.

As consequências disso assistimos aí: o Acre às traças.

No andar de baixo a situação não é oposta. O atabalhoado prefeito bolsonarista de Rio Branco, Sebastião Bocalom (PP), principal cara da velhacaria da direita acreana, chutou o pau da barraca e demitiu a vice-prefeita, Marfisa Galvão (PSD), do cargo de secretária de Assistência Social. Num gesto bruto e grotesco (como lhe é peculiar), Bocalom disse que não ia conviver com o inimigo. Isso porque Marfisa é esposa do senador Sérgio Petecão (PSD), agora ex-aliado do prefeito. Bocalom só não demitiu Marfisa do cargo de vice-prefeita porque é legalmente impossível.

Bocalom e Petecão racharam após o senador passar a patrocinar a candidatura do ex-petista e ex-prefeito Marcus Alexandre para a prefeitura da capital, em 2024. O senador assim atua por considerar que Bocalom fez jogo mole e até abandonou sua campanha ao governo, ano passado. Na minha avaliação, Petecão deveria levantar as mãos aos céus por não ter em seu palanque aquele que já pode ser definido como um dos piores prefeitos de Rio Branco.

Enquanto Bocalom faz suas patifarias políticas-eleitorais, a cidade permanece abandonada, com a infraestrutura deteriorada, tomada pelos buracos. Um colapso urbano.  

E é assim que a direita bolsonarista vai levando o Acre para o abismo, para o fundo do poço em que nos encontramos. Porém, vale lembrar, tudo com o consentimento da população, que, tomada por uma estupidez antipetista, prefere deixar os rumos administrativos do Estado nas mãos do que há de mais atrasado, reacionário e retrógrado de nossa sociedade.   

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