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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

De Trótski a Olavo de Carvalho

Márcio Bittar, em sessão de posse no Senado (Foto: Agência Senado)

O historiador Márcio Miguel Bittar, 55, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), assumiu nesta sexta (1º) a cadeira no Senado que antes pertencia ao petista Jorge Viana, lavado da vida política acreana nas urnas em outubro último, junto com outros petistas que, por duas décadas, dominaram a política no estado.

Entre os dois senadores eleitos pelo Acre, Bittar é a novidade, já que Sérgio Oliveira (PSD), o Petecão, foi reeleito para mais oito anos. Outra “renovação” nessa legislatura é Mailza Gomes (PP), que assumiu a cadeira deixada por Gladson Cameli (PP), empossado no começo do ano como novo governador do Acre.

Político de longa trajetória no Acre, Márcio Bittar fez sua campanha em 2018 surfando na onda conservadora puxada pelo então presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) que, no acre, obteve a maior votação proporcional do país. Mesmo recebendo volumosos recursos da direção nacional do MDB, Bittar abandonou por completo a candidatura de Henrique Meirelles, fazendo campanha explícita para o atual presidente da República.

Em 2002, Bittar concorreu ao Senado pelo Partido Popular Socialista (PPS), nomenclatura que hoje ele repele. Naqueles idos, concorria contra uma poderosa Frente Popular que estava no seu auge, que elegeu dois senadores: Marina Silva (ainda no PT) e Geraldo Mesquita Júnior, à época filiado ao PSB. O então socialista ficou na terceira posição.

Apesar de agora ser identificado como um político conservador e defendendo os mesmos ideais da extrema direita, Márcio Bittar já teve um passado também extremo – desta feita na esquerda.


Durante a juventude, foi membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o partidão, que depois virou PPS Chegou  a sair do Brasil na clandestinidade nos tempos da ditadura militar (1964-1985) para estudar na extinta União Soviética. Era admirador dos fundadores do velho regime comunista russo como Leon Trótski, Lenin e Josef Stalin. Além, lógico, de ter como leitura de cabeceira o clássico “O Capital”, de Karl Marx. 

De leitor dos pensadores da extrema esquerda, Márcio Bittar radicalizou ainda mais e passou a ser, nos últimos anos, um profundo fã de Olavo de Carvalho, o mentor intelectual do atual governo brasileiro.

A mudança da água para o vinho mostra um pouco do perfil político do novo senador acreano: de sempre surfar conforme a onda do momento. O emedebista olavista é acusado, pelos opositores, de aparecer pelo Acre apenas em períodos eleitorais.

Ele só voltou a ocupar as manchetes da imprensa acreana, após o fim da campanha de 2018, na solenidade de diplomação, no dia 19 de dezembro. À sociedade acreana, caberá fiscalizar e saber como Márcio Bittar, eleito para representar o estado do Acre na Casa da Federação, desempenhará suas funções.

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