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terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Os dois lados da moeda (estatal)

Emedebista abre mão de regalias do Senado, mas emprega parentela na estrutura do Estado

Bittar abriu mão de benesses do Senado, mas encaixa família no governo do AC (Foto: Agência Senado) 


O recém-empossado senador da República Márcio Miguel Bittar, do MDB, que até ontem flertava com o comunismo em sua versão mais radical praticado pela extinta União Soviética, e hoje se apresenta como um ultraliberal conservador cristão de corpo e mal, tem sido motivo de muitas polêmicas nos últimos dias.

Ele que se mostra contrário ao gigantismo do Estado brasileiro e seu peso sobre a economia e a vida das pessoas, tem se aproveitado muito das benesses que só o estatismo pode proporcionar, sobretudo quando o assunto é garantir bons empregos com elevadíssimos salários aos mais próximos.

Desde o início do governo Gladson Cameli (PP), o novo senador tem colocado parte de sua parentela na estrutura dos órgãos que formam o primeiro e o segundo escalão. O primeiro foi o seu filho, João Paulo Bittar, agraciado com uma diretoria no Instituto de Defesa Social, com salário acima de R$ 10 mil.

Outro foi Edson Siqueira, o fiel escudeiro do emedebista há mais de 30 anos, que exerce a função de diretor-executivo do Departamento de Pavimentação e Saneamento (Depasa). Pelos longos anos em que trabalha ao lado do senador e por ser o seu faz-tudo, ele ganhou o nome de Edson Bittar, sendo apresentado como irmão do fã de carteirinha do presidente Jair Bolsonaro.

O mais recente membro do clã Bittar abrigado na estrutura do gigantismo da máquina pública - mantida graças aos impostos arrecadados dos trabalhadores brasileiros - é o seu sobrinho Felipe Espinosa de Oliveira. Ele foi nomeado para o cargo de assessor parlamentar do gabinete de Bittar em Brasília, ganhando R$ 17 mil. Um salário a que pouquíssimos cidadãos conquistam - a depender da raiz genealógica.

Como se pode ver, o Estado pode não ser bem quisto apenas quando não se atende aos seus próprios interesses. Apesar de fazer parte do MDB, partido com a maior bancada na Casa, Márcio Bittar ainda não conseguiu se destacar no plano nacional, perambulando entre os senadores do baixo clero.

Outro benefício oriundo da arrecadação tributária usado pelo senador neoliberal foi o fundo eleitoral. Ele, que agora faz discursos contrários ao financiamento público de campanha, torrou todo o R$ 1,5 milhão enviado pela direção nacional do MDB para conquistar uma das duas cadeiras do Senado em disputa no ano passado.

Parte deste recurso foi usada para obter o apoio político de candidatos a deputado estadual e federal. Agora, como se vê na imprensa nacional, o PSL de Jair Bolsonaro tao admirado pelo senador Márcio Bittar, usou um esquema de candidaturas laranjas para fraudar a utilização da verba pública.

Boa notícia
Mas nem tudo é só tragédia neste começo de carreira do ex-marxista Márcio Bittar no Senado Federal - cargo tão almejado por ele nas últimas décadas. O parlamentar abriu mão de usar os recursos do estado - ao menos um - para custear sua mudança do Acre para Brasília.

Se o fizesse seria algo a manchar sua biografia, já que possui imóvel próprio na capital federal, onde costuma passar maior parte do seu tempo quando está sem mandato. Por aqui, tem a má fama plantada pelos adversários petistas de frequentar o Acre apenas em período eleitoral.

Ao abrir mão do auxílio-moradia, Márcio Bittar garantiu que mais de R$ 30 mil ficassem nos cofres públicos, garantindo (talvez) uma melhor utilidade em benefício do contribuinte. É um bom exemplo que deveria ter sido seguido pelos demais membros da bancada federal do Acre no Congresso nacional.

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