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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

A extraordinária estratégia de Ney Amorim


O fato político desta sexta (8) no Acre foi a nomeação do ex-deputado estadual e ex-petista Ney Amorim para ser o auxiliar direto do governador Gladson Cameli (PP) na Casa Azul, outrora Casa Rosada. O candidato derrotado ao Senado na eleição de 2018 ocupará a função de secretário de Assuntos Extraordinários e Estratégicos.

Até o presente momento, os cientistas da Nasa ainda não sabem ao certo para que servirá tal função bancada com os recursos do contribuinte acreano. Este esbanjamento vem um dia após Gladson Cameli - mais uma vez - reunir a imprensa para chorar a situação financeira do estado.

Desde que assumiu o governo, o progressista nada mais tem feito do que isso. Já são quase 40 dias no poder, e Gladson não para de olhar pelo retrovisor. Todo mundo sabia que a situação fiscal do Acre - como a dos demais estados - não é a das melhores.

Portanto, está na hora de o governador deixar de lado essas lágrimas, e começar a apresentar os resultados que a população espera ao escolhê-lo para o cargo. Abrigar um aliado político na estrutura de um estado já sem dinheiro, contudo, não é a mais sábia das medidas.

Os atuais inquilinos do Palácio Rio Branco praticam da mesma forma o modus operandi de seus antecessores, tão condenados, de forma valente, por aqueles que estavam na oposição, e hoje são poder.

Ney Amorim é um personagem em particular na atual política acreana. O ex-petista entrará para a história como o candidato escolhido de última hora para concorrer com o próprio PT por uma das cadeiras no Senado. As duas candidaturas do partido criaram um desgaste monstruoso cujo resultado não preciso recordar.

Se antes tinham um assento, agora ficaram sem nenhum representante no Senado e nem na Câmara dos Deputados. Vendo que o barco (ou a balsa) estava afundando, Ney Amorim pulou em alto rio e deixou os antigos companheiros afundarem sozinhos.

Depandou para a oposição, fazendo campanha explícita para Gladson Cameli, cujo grupo político fez barba, cabelo e bigode na última eleição. Passadas as eleições e curadas as feridas, Amorim anunciou sua desfiliação do PT, partido onde construiu sua trajetória política, ocupando posições importantes.

Durante o processo de negociações para a composição da Mesa Diretora da nova Assembleia Legislativa, o ex-petista atuou como negociador político direto - e até informal - do Palácio Rio Branco. Graças a sua atuação e a do comunista Edvaldo Magalhães, o governo não viu a consolidação de rachas e até traições dentro de sua base para a escolha do presidente do Parlamento.

Portanto, a nomeação de Ney Amorim para aquela secretaria de nome complicado é uma recompensa por ter auxiliado na vitória de Gladson nas urnas, e por tê-lo livrado do vexame de sair derrotado na presidência da Assembleia.

Ney Amorim é um político habilidoso. Sabe surfar nas mais variadas ondas, e terá papel essencial no processo de construção política de um governo que, até o momento, parece estar num mato sem cachorro. Ele precisará ser extraordrinário e estratégico para dar uma cara ao governo Cameli.


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