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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

A sustentação pouco sustentável



A foto acima é de autoria do repórter-fotográfico Sérgio Vale, feita feita minutos após o arranca-rabo entre os deputados da base na sessão desta quarta-feira, 20. Ela é o melhor retrato da verdadeira desordem em que se encontra os parlamentares aliados do governador Gladson Cameli (PP).

Nela, o líder do governo, Gerlen Diniz (PP, o carequinha de cabeça baixa no canto superior direito) e Roberto Duarte (MDB, de paletó cinza e de costas) estão com os olhos voltados para o chão como que envergonhados pela cena que tinham acabado de protagonizar havia pouco. 

Os dois trocaram farpas e palavras que não cabem aqui reproduzir. As mais leves proferidas pelo líder do governo foram “mentiroso” e “ridículo” voltadas contra Roberto Duarte e o neogovernista Fagner Calegário (PV).

As broncas diante do clima acirrado - que expôs o Parlamento e a fragilidade da base governista - vieram do presidente da Casa, Nicolau Júnior (PP). A ordem foi clara: manter o equilíbrio dos debates para não se quebrar o decoro. Apoiando as palavras estava o experiente ex-presidente e ex-líder de governo Edvaldo Magalhães (PCdoB).

O fato de o governo Gladson ter 19 deputados em sua base - garantindo maioria absoluta - não transparece força e tampouco vitalidade. Este domínio numérico se mostra frágil e suscetível a explodir a qualquer momento. É uma base de sustentação que não tem sustentação.

O problema começa pelo próprio parlamentar escolhido por Gladson para ser seu representante no Legislativo. Ele é dono de um temperamento difícil e do tipo que não leva desaforo para casa. Ao invés de aglutinar, repele. Tais comportamentos acabam por provocar certo descontentamento entre os demais parlamentares governistas.

Com isso, o Executivo tem uma bancada desunida, cada um jogando conforme seus próprios interesses. Não é uma maioria qualificada. Até o momento não se viu nem se ouviu um discurso eficiente de defesa da gestão progressista capaz de apaziguar os mais críticos. O Palácio Rio Branco tem tido muito mais problemas com seus aliados do que com a oposição oficial formada por PT e PCdoB.

Estes, assistem de camarote a tudo isso, e ainda dão uma força ao governo para evitar algo bem pior. Como já dito por aqui, foi graças a atuação de comunistas e petistas que a Mesa Diretora da Aleac saiu conforme o planejado pelo Executivo - talvez nem esse planejamento tenha ocorrido tamanha a balbúrdia da articulação política de Gladson.

O governo afirma ter uma Secretaria de Articulação Política, comandada pelo ex-prefeito de Cruzeiro do Sul Vagner Sales (MDB). Desde o início dos trabalhos no Parlamento, há quase três semanas, ele por lá só foi visto uma vez. Não se sabe como realiza suas articulações para tentar salvar o governo de vexames como desta quarta.

Completando 50 dias à frente do Palácio Rio Branco, Gladson Cameli ainda não deu sinais de força e organização. Enfrenta problemas dentro da própria cozinha (vide o caso do vice major Rocha com o clã Bestene), e agora o quase via de fato entre os seus deputados aliados.

Teve que recuar da indicação de Alércio Dias para o Acreprevidência, sem saber o que fazer para não desagradar o PSD de Sérgio Petecão. É uma sucessão de problemas que mostra o início complicado.

Ou o governador assume de vez as rédeas da situação - parando de terceirizar as decisões mais importantes de seu mandato - e mostra algum sinal de poder, ou o seu governo tende a caminhar para uma crise política que se somará à econômica que tanto já compromete o Palácio Rio Branco.

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