Páginas

terça-feira, 1 de março de 2016

Águas de começo de março

Há um ano, cheia histórica do rio Acre deixava cidades encobertas pela água 

Este começo de março de 2016 lembra o um ano da maior enchente já vivida pela população acreana nos últimos 100 anos. Há exato um ano, o rio Acre atingia níveis recordes de volume de água, deixando inundadas áreas rurais e quase que cidades inteiras localizadas às suas margens. Da nascente em Assis Brasil à sua foz em Boca do Acre (AM), o rio foi deixando um rastro de destruição.

A forte chuva que atingiu Rio Branco durante todo o dia desta segunda-feira (29) trouxe à memória dos moradores da capital o desespero de muitas famílias que precisaram sair às pressas de suas casas com aquela cheia. A cidade, em situação de calamidade pública, viveu uma espécie de estado de sítio com empresas e governo dispensando funcionários por ruas estarem inundadas, e pontes sem segurança para a passagem de veículos.

Talvez uma das cenas mais marcantes seja a do uso de caminhões com suas caçambas carregadas de areia e brita colocados sobre a ponte Juscelino Kubitscheck, para evitar que fosse levada pela força do rio. Em Brasileia, Xapuri, Assis Brasil e Boca do Acre, no Amazonas, as cenas foram de mais da metade dos perímetros urbanos debaixo d’água.

Passado um ano desde então, o cenário é mais calmo e de, em certa parte, alívio. O fenômeno climático El Niño é o responsável pelo baixo volume de chuvas que atinge partes da região Amazônica.  Sem chuvas, não há transbordamentos dos rios. Segundo dados da Defesa Civil, na capital o rio Acre está a cinco metros da cota de transbordamento. Estudos apontam que o El Niño estenderá seus efeitos até meados de abril e maio.

O início de fevereiro de 2015 aparentava ser um período tranquilo para os moradores dos municípios localizados às margens do rio Acre. Até a primeira metade do mês, o rio estava bastante longe de atingir a cota de transbordamento, de 14 metros.

As poucas chuvas daqueles dias pareciam descartar qualquer possibilidade de enchente, isso após Rio Branco ter saído, em 2012, da segunda maior cheia de sua história.

Mas, de uma hora para outra, tudo mudou: chuvas intensas passaram a atingir toda a bacia do rio Acre, em especial sua cabeceira, localizada na fronteira com o Peru.

Em questão de dias o volume de água subiu de forma assustadora.

Em Rio Branco o alagamento alcançou seu nível recorde: 18,34 metros, batendo todas as marcas registradas até então. Passado um ano, o rio Acre se encontra “adormecido” e sem ser motivo de preocupações –pelo menos até aqui. Em uma época onde as chuvas costumam ser intensas nesta parte da Região Amazônica, o chamado “inverno amazônico” se apresenta como um dos mais fracos dos últimos anos.

Apesar de voltar a chover com intensidade em partes da região, as previsões apontam que, por conta do El Niño, os meses chuvosos da Amazônia vão ficar abaixo da média registrada nos últimos cinco anos. Análises do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM), em Manaus, indicam que este El Niño vai interromper a série de cheias históricas na Amazônia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário