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quinta-feira, 17 de março de 2016

Bandido ou herói?

De “torturador” a “bandido do Acre”, a trajetória política de Rocha

As interceptações telefônicas feitas no celular do agora primeiro-ministro Luiz Inácio Lula da Silva, além de mostrar o tom elitista entre ele e o prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB), expôs ao Brasil a atuação de um parlamentar federal do Acre que incomodou bastante o petista.

Trata-se de Wherles Rocha, do PSDB, mais conhecido como Major Rocha. Oficial da Polícia Militar do Acre, Rocha, pode-se dizer, é uma cria do Vianismo petista da floresta. Eleito deputado estadual em 2010, galgou voo mais alto para a Câmara dos Deputados em 2014 graças a sua oposição ferrenha aos irmãos Jorge e Tião Viana.

Rocha foi o autor do pedido para que a Procuradoria Geral da República e  Ministério Público de São Paulo investigassem o petista e relação ao tríplex do Guarujá e o sitio em Atibaia.

Formado em jornalismo e direito, Rocha liderou uma greve da PM, em 2009, que ganhou o apoio do eleitorado acreano em um momento de crise na Segurança Pública, quando a bandidagem tomava de conta das ruas –problema que ainda persiste com força intensa.

O fato de liderar a tropa revoltosa em si não foi o essencial para deixar o tucano nas graças do povo. A sua prisão e de outros militares –a mando do governo petista -   que lideraram o motim na caserna causou uma espécie de revolta popular a favor de um movimento visto como legítimo pela sociedade diante da situação decrépita da PM acreana. (Mais uma vez o problema persiste).

É lógico que a prisão de Rocha tinha todo amparo legal no código de disciplina militar, já que greves são proibidas nestas instituições. Mas o fator político por trás de tudo isso fez o governo dar um tiro no próprio pé. Rocha foi eleito deputado estadual com o apoio dos PMs e Bombeiros, de seus familiares e de parte da sociedade civil.

Líder do PSDB na Assembleia Legislativa do Acre, Rocha se tornou o porta-voz da oposição, sendo quase que uma espécie de “exército de um homem só”. Exerceu uma liderança que incomodava o Palácio Rio Branco, fazendo constantes denúncias contra a gestão Tião Viana (PT) apontando possíveis casos de corrupção.

A principal munição petista contra Rocha é a acusação de “torturador”. Segundo o Vianismo, o tucano teria comandando uma sessão de tortura contra suspeitos na participação do estupro e assassinato de uma adolescente no município de Sena Madureira (170 km de Rio Branco), em 1997. À época, Rocha era tenente e comandante do batalhão local.

Ele nega as acusações e diz que o próprio Ministério Público arquivou a investigação contra ele por falta de provas. Depois de tantos incômodos aos governos petistas do Acre, o deputado agora causa certos estragos na cúpula nacional do PT –sobretudo ao grande líder Lula, de quem recebeu a alcunha de “bandido do Acre”.

Rocha entregou ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o pedido de investigação sobre Lula em relação aos seus patrimônios ocultos no Guarujá e em Atibaia. Além da PGR, segundo a assessoria do deputado, Rocha fez o pedido junto ao Ministério Público de São Paulo, fundamentando o pedido de prisão contra Lula feito pelos promotores paulistas.

Até o momento Rocha vinha tendo sua atuação parlamentar enquanto opositor ofuscada por uma bancada de mais de 50 deputados do PSDB na Câmara (era mais um na multidão). O tucano ganhou moral ao derrotar até o também encrencado com a Lava Jato, Aécio Neves.

Deputado federal de primeira viagem, Rocha ficava abafado por outros tucanos com mais influencia dentro do partido e da própria Câmara. Desta vez Lula o tira da sombra do anonimato e o coloca no centro das atenções ao reclamar da ingratidão de Janot.

Rocha ficará conhecido como o “bandido do Acre” que tirou o sono de Lula e incomoda constantemente o petismo acreano –e inclui agora no pacote o petismo nacional.

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