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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

teoria e prática

 Barbalho tenta reeleição no Pará sem cumprir promessa de reduzir desmatamento


Com um plano de governo vago, o paraense é acusado de manter um discurso novo, mas com práticas antigas. Mesmo badalado internacionalmente, devastação segue 

 

Helder Barbalho, governador do Pará: boas intenções, poucos resultados práticos (Foto: Secom/PA)

 

Ao assumir o papel entre os governadores da Amazônia Legal de uma liderança em defesa do bioma, ante a devastação da floresta impulsionada pela política anti-ambiental de Jair Bolsonaro (PL), o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), tenta permanecer no cargo sem tirar o Pará da primeira posição do ranking do desmatamento ou amenizar os conflitos na luta pela terra que o tornam o estado um dos mais violentos do país em confrontos e execuções no campo.  


Herdeiro de uma das principais oligarquias políticas da região, Helder Barbalho encarnou a imagem de governador disposto a preencher o espaço político de proteção da Amazônia em meio a um dos piores momentos de devastação da floresta. Com os olhos do mundo voltados para a região, enquanto o governo Bolsonaro deixava a boiada passar, Barbalho quis assumir para si o protagonismo e a responsabilidade pela defesa da Amazônia. 

Enquanto os governos europeus deixavam de enviar recursos para projetos de conservação, ele tentava convencê-los de que os governos estaduais seriam capazes de conduzir as ações para proteger a Amazônia, bastando para isso ter recursos em caixa.

Essa boa articulação política acabou por dar a ele o título de “governador da Amazônia” – cargo que lhe foi transferido sem nenhuma resistência pelos demais governadores da Amazônia Legal, a grande maioria simpática à política ambiental de Jair Bolsonaro.

Assim, Helder Barbalho passou a ser a referência dentro e fora do Brasil como a “alternativa” para conter a devastação da mais importante floresta tropical do mundo. Além de governador, passou a ser o “embaixador” da Amazônia, representando o país nos encontros internacionais sobre meio ambiente, como as Conferências Mundial do Clima, as COPs.

Também levou para o Pará grandes eventos de importância internacional, como o Fórum Mundial de Bioeconomia, realizado em outubro de 2021, em Belém.   

Mas, internamente, o emedebista parece não ter feito o seu dever de casa, e o Pará permanece como o exemplo a não ser seguido em termos de proteção da floresta e das suas populações. O estado é o líder em desmatamento e queimadas, além de conflitos por terra que resultam na morte de camponeses, quilombolas e indígenas.

O estado também registra os maiores casos de atentados contra os defensores das causas sociais e ambientais. De acordo com o relatório Conflitos no Campo, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de 2021, duas pessoas foram assassinadas no Pará em disputa pela terra; um indígena e um camponês. Ainda conforme o estudo, o estado registrou 156 casos de conflitos por terra envolvendo mais de 31 mil famílias.

Quanto à preservação da Amazônia, o Pará apresenta dados nada satisfatórios, mesmo com Helder Barbalho ter instituído uma força-tarefa de instituições estaduais para combater o desmatamento. Segundo o mais recente boletim elaborado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o Pará respondeu por 34% dos 1.749 km2 de floresta perdida em julho passado. Foram 583 km2 de desmatamento dentro do estado. Na comparação com o mesmo mês de 2021, houve redução de 24%..

No chamado “calendário do desmatamento”, o Pará também teve queda. Entre agosto de 2021 a julho deste ano foram 3.853 km2 de floresta derrubada; no período de agosto de 2020 a julho de 2021 foram 4.147 – redução de 7%. Após uma certa estabilidade entre 2008 e 2018 nas taxas de incremento de desmatamento no Pará, o estado voltou a apresentar alta a partir de 2019, paralelo a ascensão do bolsonarismo.  

Em seu plano de governo para a primeira campanha (2018), Helder falava em redução de 11% da área desmatada entre 2021 e 2022 nos territórios de atribuição estadual. O Relatório Anual do Desmatamento (RAD), elaborado pelo Mapbiomas, aponta que em 2021 o Pará permaneceu na primeira posição dos estados brasileiros que mais desmataram sua cobertura vegetal. 


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