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quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Autores de proposta que ameaça Reserva Chico Mendes e Parque Nacional disputam governo do Acre


Dois candidatos ao governo do Acre defendem reduzir unidades de conservação e promover o agronegócio no estado que já foi símbolo da proteção da Amazônia 


Dep. federal Mara Rocha e o senador Márcio Bittar; bolsonaristas e ligados ao agronegócio



Parlamentares idealizadores de um projeto de lei que afeta duas importantes unidades de conservação do Acre concorrem ao executivo estadual. Eles defendem reduzir o tamanho da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes e rebaixar o Parque Nacional da Serra do Divisor para a categoria de Área de Proteção Ambiental (APA). Uma das candidatas é a deputada federal Mara Rocha, que trocou o PSDB pelo MDB, e também é autora do PL 6024, apresentado em novembro de 2019 no Congresso Nacional. O projeto foi apadrinhado pelo senador Márcio Bittar (União Brasil), outro candidato. Ambos são ligados ao setor do agronegócio e ao bolsonarismo. 

A dupla é crítica contumaz das normas e regras ambientais, acusando-as de serem entraves para o desenvolvimento econômico da região e de atenderem a interesses estrangeiros. A retirada de pelo menos 22 mil hectares da Resex Chico Mendes, prevista no texto do projeto, atende a interesses de um grupo de moradores da unidade de conservação que respondem a processos por danos ambientais por desmatarem além do permitido. Eles já derrubaram boa parte da floresta dos antigos seringais, transformando-os em médias e grandes fazendas de gado.

Este mesmo grupo recorre com frequência a Mara Rocha e a Márcio Bittar quando se sentem incomodados pelas fiscalizações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Também em novembro de 2019, eles tiveram reunião com o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para reclamar das operações do ICMBio.

Conforme noticiado à época, a reunião teve resultado satisfatório para o grupo, pois a partir de então Salles determinou o fim das fiscalizações ambientais. Não por acaso, a UC está entre uma das mais impactadas pelo desmatamento e as queimadas nos últimos três anos na Amazônia Legal.

O encontro foi intermediado por Márcio Bittar e Mara Rocha, e contou com a participação de outros membros da bancada federal do Acre. Entre eles estava o senador Sérgio Petecão (PSD), que também disputa o governo do estado.

A última demonstração de força política deles foi a exoneração do chefe da Resex Chico Mendes, o servidor de carreira do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Flúvio Mascarenhas. A demissão aconteceu após a especulação de que o instituto faria uma grande operação de retirada de gado de dentro da reserva; tudo não passava de especulação, mas as pressões políticas resultaram na queda do servidor.  

Com o Acre ainda sendo território fértil do bolsonarismo na região amazônica, Mara Rocha e Márcio Bittar tentam surfar na popularidade do presidente da República, ecoando a retórica anti-ambiental e de defesa do agronegócio. As duas candidaturas representam o racha dos partidos de direita na disputa pelo governo local. Em 2018, todos estavam no mesmo palanque que elegeu Gladson Cameli (PP) governador.

A candidatura de Mara Rocha é a mais consolidada com o agronegócio acreano. Como vice de sua chapa ela tem o fazendeiro Fernando Zamora. À Justiça Eleitoral, ele define sua ocupação como “produtor agropecuário”. A candidata de Mara Rocha ao Senado é Márcia Bittar (PL), esposa de Márcio, que se apresenta como a representante legítima do presidente Jair Bolsonaro pelas terras acreanas. 


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