Puxadas pelo desmatamento, emissões brasileiras crescem duas vezes mais do que média global
Brasil falha no cumprimento da Política de Mudanças do Clima, mostra relatório. Emissões aumentaram 40% desde que país se comprometeu a reduzi-las
Queimadas na Amazônia são grandes emissoras de CO2 (Foto: Jardy Lopes) |
As elevadas taxas de desmatamento da Floresta Amazônica, registradas principalmente durante os quatro anos de governo Jair Bolsonaro (PL), fizeram com que o Brasil aumentasse a sua participação global na emissão de gases do efeito estufa e, consequentemente, no aquecimento do planeta. Apenas em 2021, último ano em que os dados foram computados, o país emitiu 2,4 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e), um aumento de 12,2% em relação a 2020, quando foram lançados na atmosfera 2,1 bilhões de CO2e.
Os dados fazem parte do mais recente relatório Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), elaborado pelo Observatório do Clima, e divulgado nesta quinta-feira (23). Este é o segundo pior resultado em quase 20 anos de aferição, ficando atrás apenas de 2003, quando foram lançados na atmosfera três bilhões de toneladas de CO2e. O crescimento da poluição produzida pelo Brasil em 2021 é duas vezes superior à média global estimada para aquele ano (5%).
Dos 2,4 bilhões de toneladas de carbono emitidas, 1,19 bilhão têm como origem o desmatamento ocorrido em todos os biomas do país. Em comparação com 2020, a poluição oriunda da chamada mudança de uso da terra e florestas (MUT) cresceu 18,5%. A quantidade supera as emissões do Japão – uma das maiores potências industriais e poluidoras do mundo.
Sozinha, a Amazônia respondeu por 77% das emissões brutas de gases do efeito estufa oriundas da MUT. Em 2021, não por acaso, o bioma registrou a pior taxa de desmatamento em 15 anos, conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE): 13.038 km2. Em 2020, a área derrubada também já tinha sido elevada: 10.851 km2.
Somando as emissões por desmatamento e outras mudanças de uso da terra com as do setor agropecuário, o relatório aponta que, em 2021, a atividade agropecuária respondeu por 74% de toda a poluição climática brasileira. O aumento do rebanho bovino fez com que somente a agropecuária ficasse na segunda posição entre os maiores emissores de gases do efeito estufa: 601 milhões de toneladas de CO2e.
Em terceiro lugar com mais contribuição está o setor de energia, com 435 milhões de toneladas de CO2e; um ano antes foram 387 milhões. Foi a maior alta observada desde 1973, quando o Brasil estava no auge de seu “milagre econômico” da ditadura militar (1964-1985).
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