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quarta-feira, 22 de março de 2023

à sombra do bolsonarismo

Mesmo excluídos do comando, bolsonaristas são maioria na Comissão de Meio Ambiente do Senado


Críticos da política de preservação ambiental como Márcio Bittar (União-AC) e Zequinha Marinho (PL-PA) são titulares no colegiado; como protesto, bloco de partidos aliados a Bolsonaro boicotaram votação 


Leila Barros e Fabiano Contarato, presidente e vice da CMA do Senado (Foto:Agência Senado)

Apesar de não terem conseguido a presidência da Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado Federal, os bolsonaristas se constituem como a principal força política dentro do colegiado, composto por 17 membros titulares. A ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro, Tereza Cristina (PL-MS), era o nome favorito entre os aliados do ex-presidente para o comando da CMA. Contudo, a articulação foi rifada pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o comando do colegiado acabou ficando nas mãos de Leila Barros (PDT-DF), com Fabiano Contarato (PT-ES) como vice.


Apesar da eleição de Leila ter sido considerada unânime, os senadores do bloco Vanguarda – composto por PL, PP, Republicanos e Novo – se abstiveram da votação. Os aliados do ex-presidente da República, aliás, ficaram de fora das presidências das comissões mais importantes, num gesto de retaliação de Pacheco por eles lançarem a candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) para a presidência do Senado, colocando em risco a reeleição do senador mineiro. 

Rogério Marinho e Tereza Cristina, apesar de não terem alcançado os cargos de presidência pretendidos, conseguiram assentos titulares na CMA. Outro expoente bolsonarista com cadeira no colegiado é o senador Márcio Bittar (União-AC), rítico ferrenho da agenda de preservação ambiental. Na visão de Bittar, tal agenda estaria a serviço dos governos europeus e seria responsável por  empurrar a população da Amazônia para a pobreza.  O parlamentar é um dos principais articuladores do PL 6024, que desafeta áreas da Reserva Extrativista Chico Mendes e transforma o Parque Nacional da Serra do Divisor numa APA.

Outro aliado de carteirinha do ex-presidente na região Norte é Zequinha Marinho (PL), que em 2022 saiu derrotado na disputa para o governo paraense . Ano passado, a Agência Pública divulgou reportagem com documentos que mostravam a atuação do senador em defesa de grileiros, garimpeiros e madeireiros no Pará. Ainda de acordo com o relato, Marinho fez articulações para coibir os trabalhos de agentes do Ibama e de servidores da Funai. Assim como Bolsonaro, o parlamentar defende a mineração dentro de terras indígenas.  

Empossado pela primeira vez no Senado em fevereiro, Jaime Bagattoli (PL) fez sua campanha em Rondônia ancorado na imagem de Jair Bolsonaro, e em defesa do agronegócio. Rondônia é um dos maiores redutos do bolsonarismo do país. No segundo turno de 2022, o ex-presidente ficou com 70% dos votos válidos no estado. Bagattoli esteve na leva dos candidatos bolsonaristas ao Senado eleitos pela Amazônia Legal.  Neste grupo também está Wellington Fagundes (PL-MT), escolhido como suplente na CMA.   

 

A nova presidente

Natural de Taguatinga, a ex-jogadora de vôlei Leila foi eleita senadora pelo Distrito Federal em 2018. Em sua biografia, a parlamentar afirma que dedica o mandato às causas do esporte, da defesa dos direitos das mulheres, da educação, saúde, mobilidade, acessibilidade e desenvolvimento sustentável.

“Nós vamos debater o que necessariamente é importante para o Brasil crescer economicamente, sustentavelmente, e a questão do meio ambiente tem que ser, sim, prioridade […] nós não podemos abrir mão dessa pauta dentro da comissão”, afirmou ela durante o discurso de posse na presidência do CMA, no último dia 8 de março.

Já o vice-presidente, Fabiano Contarato, fez um discurso mais duro, apontando a herança anti ambiental do governo Bolsonaro. “Quando se fala em preservação ambiental, nós estamos falando dos povos indígenas que são vítimas de um verdadeiro genocídio. Estamos falando dos Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, que também estão sofrendo muito”, disse ele.

De acordo com o senador, no governo Bolsonaro foram autorizados o uso de mais 1.500 tipos de agrotóxicos pela agricultura brasileira. “Nós temos que fortalecer os órgãos de fiscalização, acabar com qualquer tipo de assédio moral aos funcionários do Ibama e ICMBio. Nós temos que fortalecer ainda mais a Funai”

Veja, na página do Senado, como fica a nova composição da Comissão de Meio Ambiente.

 

Reportagem produzida para ((o)) eco

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