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terça-feira, 18 de outubro de 2022

a teoria e a prática

Após gestão desmatadora, governador do Acre defende compromisso com meio ambiente


Reeleito para mais 4 anos, Gladson Cameli diz que é possível fomentar agronegócio sem desmatar; dados mostram que desmatamento é recorde desde sua chegada ao governo 

 

Gladson Cameli: o discurso é um, a prática é outra para o meio ambiente (Foto:Secom/Acre)


Reeleito no primeiro turno com 56,75% dos votos válidos, o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), diz que adotará uma agenda que concilie o crescimento econômico do estado com a preservação da Floresta Amazônica. A declaração, dada durante encontro da Força Tarefa dos Governadores pelo Clima e Floresta (GCF Task Force), em San Martín, no Peru, pode sinalizar uma mudança por parte do gestor, após se eleger, em 2018, com um discurso de afrouxar a legislação ambiental para beneficiar o agronegócio.


Como consequência dessa política, o Acre passou de vanguardista na proteção a sua cobertura florestal, a um crescimento recorde nas taxas de desmatamento e queimadas nos quatro primeiros anos de Cameli. Uma de suas primeiras medidas foi extinguir o Instituto de Mudanças Climáticas (IMC), autarquia responsável por executar os recursos que o estado recebia por meio do programa de Pagamento por Serviços Ambientais, o REM/KFW, firmado com o governo da Alemanha e Reino Unido.  

Ao não cumprir as metas de redução de desmatamento estabelecidas no contrato com os dois países, o Acre deixou de receber os recursos que serviam não apenas para as políticas de comando e controle para proteção da Amazônia, como também usado em projetos de agricultura de baixo impacto. Desde 2018, o Acre perdeu ao menos R$ 58 milhões por não cumprir as metas de seu programa de REDD+.

A partir de 2019, com a posse de Gladson Cameli como governador e sua política para o agronegócio, o Acre passou a ter um boom nos índices de devastação. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no primeiro ano do governador bolsonarista, o estado apresentou um incremento de 706,82 km2 no desmatamento. No acumulado entre 2019 e 2021, a área total desmatada é de 2.259,34 km2.      

O ano passado, por sinal, foi o pior na série histórica do Inpe, cuja medição oficial começou em 1988. Ao longo dos 12 meses de 2021, o Acre derrubou 889 km2 do bioma amazônico.

Como efeito de comparação, no acumulado de 2017 e 2018, o incremento do desmatamento dentro do estado é de 672 km2. Pelo acordo firmado com Alemanha e Reino Unido, o teto de desmate tolerado é de 330 km2 por ano. O estado tem ultrapassado este limite.  Entre janeiro e o começo de outubro deste ano, o Deter/Inpe emitiu alertas de desmatamento para o Acre que chegam a uma área de 457,72 km2.

Junto com a floresta derrubada, o Acre também apresenta recordes sucessivos em registro de queimadas. Em 2022, o estado teve a pior quantidade de focos de fogo captados pelos satélites do Inpe: 10.820; aumento de 23% ante 2021.

Entre agosto e setembro, os moradores das cidades acreanas tiveram que conviver com a poluição extrema do ar provocada pelas queimadas. Em alguns dias, a concentração de material particulado no ar superou em 10 vezes o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).   


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