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terça-feira, 24 de agosto de 2021

o governo motosserra

A Amazônia no Acre é destruída em velocidade sem igual na história recente

 

Os dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, de aferição dos níveis de desmatamento no Brasil atestam que os quase três anos do governo Gladson Cameli (PP) têm sido os mais devastadores para a preservação da Amazônia no Acre. A destruição das políticas ambientais promovidas por Jair Bolsonaro no plano federal acabam por ofuscar, dos governos locais, as suas responsabilidades de também adotarem medidas rígidas de proteção do mais importante bioma do país.


O desmatamento descontrolado vivenciado pelo Acre é a prova disso. Numa tentativa de se vingar e de se livrar das políticas de proteção ambiental estruturadas durante os 20 anos de governos petistas no Acre, Gladson Cameli atuou para desmontar todo o arcabouço de proteção da floresta, fazendo a boiada passar bem antes da ordem dada pelo ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.

A prova disso está disponível a toda cidadã e cidadão. Ao olhar para os gráficos do Inpe, podemos dizer, sem exageros, que este é um dos piores momentos de preservação da Floresta Amazônica no território acreano.  Aliás, desde 2019, o blog não deixa de falar, com muita recorrência e infelizmente, deste que considero o pior momento de proteção ambiental da história recente do estado.

Segundo o instituto, no agregado mensal, entre 2019 e 2021, o Acre viu desaparecer uma área de 991,88 quilômetros quadrados de Amazônia. A quantidade de floresta destruída em três anos de Gladson Cameli é o dobro do que foi desmatado durante o quadriênio de seu antecessor, o petista Tião Viana: 468,8 quilômetros quadrados.

Ou seja, desde a chegada de Cameli ao governo, o Acre experimenta uma velocidade de devastação da floresta sem precedentes; talvez até haja semelhança, com as décadas de 1970 e 1980, quando a floresta acreana passou a ser destruída pela política da ditadura militar (1964-1985) de ocupação da Amazônia. É com essa mesma visão que o atual governador tenta fazer, da versão mais arcaica do agronegócio, o carro-chefe da economia local.  

Essa destruição recorde da cobertura florestal acontece justo no momento em que todo o mundo vive, espantado, as consequências de uma crise climática que, a cada ano, se acentua - sobretudo para nós, aqui no desmatado e enfumaçado Acre, com secas e enchentes severas.

No momento em que lideranças políticas e empresariais de todo o mundo discutem novos modelos de desenvolvimento econômico, que levem em consideração, acima de tudo, práticas sustentáveis e o respeito ao meio ambiente, o Acre vai no sentido oposto.

O governo Gladson Cameli não só destruiu a estrutura de proteção ambiental, como fez questão de se gabar disso (veja postagem abaixo). Disse que ninguém precisava mais pagar as multas ambientais. A consequência é vermos áreas e mais áreas da Amazônia sendo destruídas.

Além de recordista em desmatamento, o Acre também está em queimadas. Enquanto o bioma Amazônia registra, até a presente data, uma redução de 10% no registro de focos de queimada em 2021, na comparação com o mesmo intervalo de tempo de 2020, o Acre tem elevação de 30%

São tempos tenebrosos para a proteção da nossa floresta. Ao invés de assumir o protagonismo nas discussões globais sobre as mitigações dos efeitos das mudanças climáticas e, sim, ganhar dinheiro com isso, o pequeno Acre ganhou o papel de vilão.

A continuar neste ritmo, a pergunta que fica é: o que sobrará de cobertura florestal até o fim do governo Gladson Cameli, em 2022 ou 2026, caso se reeleja? Não sabemos o quanto de floresta vai sobrar até o final do governo Gladson Cameli, mas com certeza o título de governador motosserra de ouro já lhe está garantido.  

Quer saber mais sobre o ambiente político acreano desfavorável para a proteção da Amazônia? Ouça a minha coluna na CBN Rio Branco

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