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terça-feira, 17 de agosto de 2021

Agosto do fogo

(Fotografia: Sérgio Vale/Amazônia Real/ago/2020)
 

 

Agosto, a cada ano de verão amazônico, consolida-se como o mês do fogo. É em agosto que as condições climatológicas estão “perfeitas” para fazer aquela fogueira na pastagem, no roçado, na mata recém-desmatada, além dos delinquentes que tocam fogo em áreas de terrenos baldios ou na vegetação de beira de estrada. São nestes dias que as temperaturas estão elevadas, e há um acúmulo maior do período sem chuvas. Portanto, basta jogar o palito de fósforo que o mato estará em chamas em segundos.


Os dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), atestam agosto como o mês do fogo no Acre, e em toda a porção sul da Amazônia, que inclui partes da Bolívia e do Peru, o sul do Amazonas, sudoeste do Pará, todo o estado de Rondônia e Mato Grosso.   

Vejamos os dados do Acre: dos 1.884 focos de queimadas registrados pelos satélites no acumulado de todo 2021, 1.356 foram, apenas, nestes 17 dias de agosto. Em pouco mais de duas semanas, o Acre queimou mais do que o observado em sete meses. Há uma explicação para isso: nosso inverno amazônico foi bastante rigoroso e prolongado esse ano, criando as condições (muita umidade) para a não prática das queimadas - ou pelo menos retardando seu início.

A situação tem se agravado nos últimos dias, sobretudo para a saúde. A piora da qualidade do ar é evidente. A fumaça toma de conta das cidades acreanas. Segundo o secretário de Meio Ambiente de Rio Branco, Normando Sales, o pior ainda está por vir. De acordo com ele, a tendência é da intensificação das queimadas rurais, para a queima do roçado, pastagem e áreas de floresta recentemente derrubadas. Até o fim de setembro - ou enquanto as chuvas não der as caras - o fogaréu vai comer solto.

Diante de todos estes prognósticos, é esperar das autoridades ambientais que façam seu papel para combater as queimadas, protegendo nossa fauna e flora, e também a saúde do povo acreano. É preciso cobrar do governo - cujo governador já declarou não ser preciso pagar multa ambiental - providências, e saber se realmente está fiscalizando e punindo os infratores.  

Aqui vale destacar outro dado negativo: no acumulado de 2021, na comparação com igual intervalo de 2020, o Acre está entre os poucos estados da Amazônia Legal a apresentar, proporcionalmente, aumento no registro de queimadas: 17%. Estados como Amazonas, Pará e Mato Grosso, que têm o dobro do tamanho territorial do nosso, apresentam redução - pelo menos até aqui. Em toda a Amazônia Legal, a queda é dos mesmos 17% que o pequeno e queimado Acre tem de elevação.

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