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sábado, 12 de junho de 2021

caminho devastador

 Projeto de rodovia deixa em risco outra área intocada da Amazônia

 

Pavimentada entre a primeira e segunda décadas deste século, BR-364 é principal vetor de desmate no Acre (Foto:Secom/AC/2011)

No momento em que a Amazônia registra taxas recordes de desmatamento impulsionado, principalmente, pelo desmonte da política de proteção ambiental promovida pelo governo Jair Bolsonaro (Sem partido), lideranças locais se articulam para tirar do papel projetos de infraestrutura que colocam, ainda mais em risco, a preservação do bioma. É o que acontece, por exemplo, no Acre, com articulações políticas para abrir estradas em regiões hoje intocadas pela ação humana.


Após o projeto da rodovia entre as cidades de Cruzeiro do Sul, no extremo oeste do estado, e Pucallpa, no Peru, na bacia do rio Juruá – que concentra uma das maiores biodiversidades do mundo – agora começam as tratativas para construir uma estrada na região do Alto Rio Purus. A proposta é fazer a conexão rodoviária entre os municípios de Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus. 

Ambos os projetos têm como principal fiador político o senador bolsonarista Márcio Bittar (MDB-AC), cuja principal atuação no Congresso Nacional é encampar pautas que fragilizam a agenda ambiental do país. Junto com a deputada federal Mara Rocha (PSDB), ele é autor do Projeto de Lei 6.024/2019, que reduz o tamanho da Reserva Extrativista Chico Mendes e transforma o Parque Nacional da Serra do Divisor numa Área de Proteção Ambiental (APA).
Estradas atingem áreas protegidas  

Caso de fato se concretizem, as duas rodovias provocariam impactos inestimáveis para duas áreas preservadas da Floresta Amazônica, livres da exploração madeireira, da grilagem de terras públicas e da abertura de áreas para a pecuária – principais atividades econômicas a exercer pressão sobre o bioma no Acre. O estado ainda mantém conservado, dentro de seu território, ao menos 86% de cobertura florestal.


O entorno do rio Purus concentra a maior área de floresta nativa de bambu do planeta. Segundo a Embrapa, o Acre possui 4,5 milhões de hectares de florestas de bambu. A região do Alto Rio Purus ainda é formada por imensas áreas de floresta intactas com espécies de árvores de rentável valor comercial.  

No Médio Rio Purus, região que conta com a BR-364 pavimentada, na divisa entre Acre e Amazonas, toda essa riqueza madeireira já é bastante explorada por meio de planos de manejo. A rodovia federal se tornou o principal corredor madeireiro do Acre, com caminhões e mais caminhões “toreiros” trafegando dia e noite.

De acordo com o prefeito de Santa Rosa do Purus, Tamir de Sá (MDB), o objetivo é conectar o perímetro urbano do município a uma estrada de terra batida já adentrou a região do Alto Rio Purus. Segundo ele, a via teria sido aberta, justamente, pela empresa detentora da concessão do manejo madeireiro.

“Nós só temos 82 quilômetros para emendar aqui. O manejo já tem 70 e poucos quilômetros de estrada para chegar aqui. Então eu não vejo diferença nenhuma de chegar até aqui uma estrada, num município com oito mil habitantes, onde só um manejo, sozinho, para eles terem lucro, eles abrem 72 km de estrada e nós não podemos abrir 82 km”, diz o prefeito ao ((o))eco. 

 

Leia a reportagem completa no site ((o))eco 

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