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quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Fumaça internacional

Na tríplice fronteira, Acre tem até oito vezes mais registros de queimadas em 2020 


Área queimada em fazenda às margens da BR-317, que interliga o Acre à Bolívia e ao Peru (Foto? Jardy Lopes/2019)


@fabiospontes 

Além de passar a não dar o melhor dos exemplos em termos de preservação da Amazônia dentro do Brasil desde o ano passado, o Acre também é boa referência na tríplice fronteira com a Bolívia e o Peru. Dos três estados que formam a região conhecida pela sigla MAP - Madre de Dios (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia), o estado brasileiro foi o campeão em registro de focos de queimadas em 2020, tendo até oito vezes mais casos do que os vizinhos. 

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora o fogo no MAP, o Acre teve, entre 1 de janeiro a 6 de outubro, 8.062 focos de queimadas. Logo em seguida está Madre de Dios, com 1.524 focos, e Pando com 1.346 focos. Sozinho, o Acre representou 73% do total das queimadas captadas pelos satélites do Inpe na tríplice fronteira. 

Este protagonismo do estado no uso do fogo para limpeza de roçados ou áreas com recente desmatamento desmistifica o argumento usado ao longo dos últimos anos de que a fumaça inalada pelos acreanos é oriunda das queimadas nos países e estados vizinhos. Em agosto, o Acre superou até Rondônia e Mato Grosso na quantidade de focos. De possíveis importadores de fumaça tóxica, o Acre passou a exportar ar poluído para a vizinhança. 

Em setembro do ano passado, produzi reportagem especial mostrando os impactos das queimadas na Amazônia formada por Brasil, Peru e Bolívia. Naqueles tempos sem pandemia era possível ir de um lado ao outro da fronteira; agora elas estão fechadas e sem previsão de reabertura. Já em 2019 o Acre também era o grande patinho feio na preservação da floresta entre os três países. 


Leia a reportagem especial: 


O Fogo sem Fronteiras 


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