Municípios com floresta preservadas lideram ranking de queimadas no Acre
Os dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram um dado preocupante: o interior do Acre - onde está concentrada a maior área de floresta em pé - está pegando fogo, e muito fogo. No acumulado do ano, o Acre registra 2.120 focos de queimadas. Destes, mais de 80% são detectados em municípios que, até anos atrás, passavam longe das estatísticas de destruição da Amazônia no estado.
É o caso do isolado Jordão, município cujo acesso só é possível via aérea ou fluvial. Essa dificuldade logística não detém o avanço do desmatamento e do fogo. Até essa segunda, 24, Jordão tinha registrado a mesma quantidade de focos de queimadas do que a capital Rio Branco, cujo entorno já está bastante devastado e tomado por fazendas: 88.
Logo abaixo de Rio Branco está Marechal Thaumaturgo, outro município isolado cuja área é formada por terras indígenas e unidades de conservação. O município tem 75 focos de calor; são 30 a mais do que Xapuri, localizado em uma área já bastante devastada e pressionada pelo agronegócio.
Juntos, os municípios dos Vale do Juruá, Purus e Tarauacá/Envira respondem por mais de 80% dos incêndios em vegetação capturados pelos satélites do Inpe em 2020; ressaltando que essas ainda são as regiões mais bem preservadas do Acre, mas que correm sérios riscos de sofrer com a degradação nos próximos anos.
O campeão de queimadas este ano continua sendo Feijó, após já ocupar as primeiras posições em 2019, o ano do fogo no Acre. São 515 focos já registrados, o que representa 24% do total.
Logo depois vem a vizinha Tarauacá: 439. Chama a atenção a terceira posição ser ocupada por Cruzeiro do Sul: 160. A capital do Juruá é outra região de floresta muito intacta, e os dados do Inpe acendem o alerta sobre o nível de destruição que avança sobre o município.
Essa interiorização da destruição não fica apenas às margens de rodovias ou ramais; as margens de rios e igarapés nestes municípios também passam a concentrar grandes áreas queimadas. Com a previsão de um ano mais quente e seco no Acre, a concentração do fogo próximo a área de florestas em pé preocupa diante da possibilidade de ocorrer incêndios florestais, conforme relatei em reportagem para a Amazônia Real:
Leia: Florestas do Acre podem ser mais afetadas por incêndios, diz Nasa
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