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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

O interior do Acre está queimando

Municípios com floresta preservadas lideram ranking de queimadas no Acre 



Os dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram um dado preocupante: o interior do Acre - onde está concentrada a maior área de floresta em pé - está pegando fogo, e muito fogo. No acumulado do ano, o Acre registra 2.120 focos de queimadas. Destes, mais de 80% são detectados em municípios que, até anos atrás, passavam longe das estatísticas de destruição da Amazônia no estado. 

É o caso do isolado Jordão, município cujo acesso só é possível via aérea ou fluvial. Essa dificuldade logística não detém o avanço do desmatamento e do fogo. Até essa segunda, 24, Jordão tinha registrado a mesma quantidade de focos de queimadas do que a capital Rio Branco, cujo entorno já está bastante devastado e tomado por fazendas: 88. 

Logo abaixo de Rio Branco está Marechal Thaumaturgo, outro município isolado cuja área é formada por terras indígenas e unidades de conservação. O município tem 75 focos de calor; são 30 a mais do que Xapuri, localizado em uma área já bastante devastada e pressionada pelo agronegócio. 

Juntos, os municípios dos Vale do Juruá, Purus e Tarauacá/Envira respondem por mais de 80% dos incêndios em vegetação capturados pelos satélites do Inpe em 2020; ressaltando que essas ainda são as regiões mais bem preservadas do Acre, mas que correm sérios riscos de sofrer com a degradação nos próximos anos. 

O campeão de queimadas este ano continua sendo Feijó, após já ocupar as primeiras posições em 2019, o ano do fogo no Acre. São 515 focos já registrados, o que representa 24% do total. 

Logo depois vem a vizinha Tarauacá: 439. Chama a atenção a terceira posição ser ocupada por Cruzeiro do Sul: 160. A capital do Juruá é outra região de floresta muito intacta, e os dados do Inpe acendem o alerta sobre o nível de destruição que avança sobre o município.  

Essa interiorização da destruição não fica apenas às margens de rodovias ou ramais; as margens de rios e igarapés nestes municípios também passam a concentrar grandes áreas queimadas. Com a previsão de um ano mais quente e seco no Acre, a concentração do fogo próximo a área de florestas em pé preocupa diante da possibilidade de ocorrer incêndios florestais, conforme relatei em reportagem para a Amazônia Real: 


Leia:  Florestas do Acre podem ser mais afetadas por incêndios, diz Nasa 


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