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sábado, 22 de junho de 2019

Ponta do Abunã, um faroeste na Amazônia

Atividade madeireira - sendo grande parte dela ilegal - puxa a economia numa região marcada pela violência (Foto: Sérgio Vale)



Esquecida no extremo oeste do estado de Rondônia, a Ponta do Abunã é um lugar emblemático e representativo de conflitos agrários, apropriação de terras públicas (grilagem), invasões e saques a unidades de conservação e desmatamento na Amazônia Ocidental. Fazendo divisa com as cidades de Acrelândia, no Acre, e Lábrea, no Amazonas, é também palco de disputa violenta e assassinatos envolvendo diferentes personagens: madeireiros, pequenos agricultores, fazendeiros, pistoleiros e, mais recentemente, de facções criminosas, o que faz a região ser conhecida como “Faroeste Amazônico”.

As mortes de lideranças de trabalhadores sem-terra, pequenos agricultores e de defensores da Floresta Amazônica se intensificaram desde 2011, quando foi assassinado o líder Adelino Ramos, o Dinho, assentado do Projeto de Assentamento Florestal (PAF) Curuquetê, localizado no município de Lábrea. Ele foi morto enquanto vendia frutas no distrito de Vista Alegre do Abunã, na divisa de Rondônia com o Amazonas. Daí em diante o clima tenso na região não cessou.

Recentemente, em 30 de março último, o agricultor Nemes Machado de Oliveira, morador do Seringal São Domingos, no Amazonas, foi executado durante uma ação de pistoleiros.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), no episódio que resultou na morte de Oliveira, também ocorreram os crimes de sequestro, cárcere privado, ameaça e tentativa de homicídio. Casas foram queimadas e bens das famílias destruídos.

Com a ausência do poder público na tríplice divisa entre Acre, Amazonas e Rondônia, a força econômica de grandes madeireiros e fazendeiros é o que prevalece na região. Nos distritos de Nova Califórnia e Extrema, ambos em Rondônia, as pessoas têm medo de se expor para falar. “Aqui é uma terra de ninguém, uma terra sem lei. O que prevalece é só a lei do silêncio”, diz um morador que pediu anonimato à reportagem da Amazônia Real, que percorreu a região no fim de abril.

Outro agravante é que a Ponta do Abunã está na fronteira com a Bolívia, grande produtora de drogas, como cocaína. Com isso, a região passou a ser também palco de ação de facções criminosas dos grandes centros urbanos do Brasil. Elas brigam pelo controle da rota do tráfico da droga produzida no país vizinho. Até as populações indígenas estão ameaçadas pela atuação dos traficantes nos rios da bacia amazônica.

Leia a reportagem especial completa na Amazônia Real 

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